Jornada Sem Terrinha

Crianças valorizam a luta e se reconhecem parte do processo na Jornada Sem Terrinha

Confira entrevista sobre perspectivas e atividades da Jornada Sem Terrinha, que terá ações pelo Brasil nesta sexta (11)
Plantio de árvore na Ciranda da Mafalda. Foto: MST

Da Página do MST

A Jornada Nacional Sem Terrinha deste ano, que acontece entre os dias 9 e 12 de outubro, irá como sempre reunir crianças de espaços da Reforma Agrária Popular e da agricultura familiar de todo o Brasil. Com o lema “Brincar e estudar, fazendo história por Reforma Agrária Popular!”, a jornada busca fortalecer a organização e a conscientização das crianças sobre a luta por direitos e a importância da Reforma Agrária.

No dia 11 de outubro, as atividades ganham destaque com um dia de ações que inclui o plantio de árvores, debates sobre questões ambientais locais e audiências públicas. Essas ações irão não apenas promover a conscientização sobre a crise ambiental, mas também engajar as crianças em práticas que contribuem para um futuro mais sustentável. A Jornada é uma oportunidade para que os pequenos se tornem protagonistas de suas histórias e aprendam sobre a importância de cuidar do meio ambiente.

Este ano, a jornada também celebra os 40 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), um marco que reforça a relevância da luta por justiça social e acesso à terra. As crianças também vêm participando ativamente das “Escrevivências Sem Terra”, onde podem compartilhar suas experiências e visões de mundo, contribuindo para a construção de uma narrativa coletiva sobre a luta por direitos.

Mais do que atividades recreativas, a Jornada Sem Terrinha vem se construindo anualmente como um momento de aprendizado e reflexão. As crianças são incentivadas a discutir temas que afetam suas comunidades, como a produção de alimentos saudáveis e a importância da agricultura familiar. Essas discussões são fundamentais para que elas compreendam seu papel na sociedade e a relevância de sua participação na luta por um mundo mais justo.

Essa foi a construção da Árvore da memória na Ciranda da Mafalda da EPAAEB (Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto – Prado/BA). Foto: MST

Ao final da jornada, espera-se que as crianças não apenas tenham se divertido, mas também se sintam mais conectadas à sua história e à luta por direitos. Para entender melhor o impacto e os objetivos da Jornada Sem Terrinha, conversamos com Zena Figueiredo, da Frente do Coletivo Nacional da Infância e colaboradora na Coordenação Pedagógica da Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto (EPAAEB), que compartilhou as perspectivas sobre a importância dessa mobilização e o que as crianças podem esperar para este ano.

Zena Figueiredo. Foto: Arquivo pessoal

Confira a entrevista:

Como as crianças Sem Terrinha e o Movimento como um todo estão se preparando para participar da Jornada Nacional, considerando as experiências dos anos anteriores?

De várias formas. Aqui no estado da Bahia, por exemplo, as regionais estão se organizando para realizar atividades diversas, principalmente em nível de brigadas. No entanto, algumas regionais realizarão atividades pontuais no dia “D”, a ser realizado no 11 de outubro, como a Regional Extremo Sul, que realizará um encontro com 250 crianças na Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egidio Brunetto (EPAAEB), apresentando o espaço e desenvolvendo oficinas diversas nas Unidades produtivas (viveiro e galinheiro), plantio de árvores/criação do “Bosque dos Sem Terrinha”, oficina de comunicação, artes com materiais recicláveis, dentre outras mais lúdicas.

De que forma a Jornada Sem Terrinha deste ano abordará os temas das mudanças climáticas e o papel do MST nestes 40 anos?

Os temas já estão sendo trabalhados nas escolas e ações estão sendo desenvolvidas. Um exemplo é a Escola Municipal Paulo Freire, localizada no assentamento Lulão, no município de Santa Cruz de Cabrália. A escola já realiza mensalmente doação de mudas, e nesse mês de outubro a doação foi feita pelas crianças.

Distribuição de mudas na Escola Municipal Paulo Freire, assentamento Lulão, em Santa Cruz de Cabrália/BA. Atividade realizada dia 02 de outubro. Foto: MST

Quais são os objetivos principais da Jornada Sem Terrinha em relação à luta pela Reforma Agrária Popular?

Um dos principais objetivos é de que as crianças possam valorizar a luta, se reconhecendo parte desse processo, desde a ocupação, a vivência no acampamento até chegar ao assentamento.

Trazer presente as conquistas obtidas e a necessidade de continuar lutando para que outras conquistas sejam alcançadas, e desenvolver o sentimento de pertença ao Movimento.

Como a participação das crianças na comunicação popular será incorporada na Jornada Sem Terrinha deste ano?

Dentre tantas ações de produção de vídeos, registros fotográficos de atividades que estão sendo desenvolvidas nas escolas, estão previstas também oficinas de comunicação nos encontros com as crianças.

*Editado por Solange Engelmann