Alimento Saudável

Acampamento Fidel Castro conquista certificação orgânica para Horta Comunitária, no PR

Espaço construído por 36 famílias da comunidade Fidel Castro, em Centenário do Sul, é a primeira área de um acampamento de Reforma Agrária na região a conquistar o selo
O sentimento de solidariedade permeou ações do MST nacionalmente nos períodos mais intensos da pandemia de Covid-19. Foto: Maicon Verick

Por Ana Clara Garcia Lazzarin/MST-PR
Da Página do MST

Um sonho coletivo se tornou realidade: a horta comunitária do Centro de Produção de Alimentos Saudáveis Antonio Tavares recebeu a tão aguardada certificação orgânica, garantida pela Rede Ecovida de Agroecologia.

O espaço construído por 36 famílias da comunidade Fidel Castro, em Centenário do Sul, no norte do Paraná, é a primeira área de um acampamento da Reforma Agrária Popular na região a conquistar o selo. O reconhecimento foi entregue em 11 de setembro de 2024.

Inauguração do Centro de Produção de Alimentos Saudáveis Antônio Tavares, em 2018. Foto: Elaine Machado/MST-PR

Desde a inauguração, em 2018, as camponesas/es trabalham em um sistema de produção coletiva, que não apenas garante alimentos saudáveis para a comercialização, mas também promove a solidariedade. O espaço ganhou o nome em homenagem ao companheiro Antonio Tavares, junto com as mais de 20 hortas comunitárias, criadas em 2020 em diversas regiões do Paraná.

Durante os momentos mais difíceis do período, as famílias se somaram à campanha nacional do MST de doação de alimentos. Por ação, foram cerca de 2.500 quilos de comida saudável, sem agrotóxicos, distribuídas nas periferias de Centenário do Sul e Londrina.

 

Doações favorecem a segurança alimentar de famílias em situação de vulnerabilidade. Foto: Wellington Lenon

“Graças à luta e resistência da companheirada, nós tivemos a certificação dessa área como orgânica e livre de agrotóxico. Para a comunidade, isso se tornou um marco histórico: a primeira área aqui na região a obter o selo de orgânico”, afirmou Devanir Vicente, agricultor e integrante da coordenação da horta.

Com cerca de 3,5 hectares de produção, a área é subdividida em 36 lotes, proporcionando cerca de 1.050 metros quadrados para cada família, que agora coletam os frutos de um trabalho pautado pela agroecologia e união.

Foto: MST/PR

Este reconhecimento não é apenas uma vitória para as famílias camponesas e agricultoras, mas uma conquista que inspira comunidades da Reforma Agrária Popular.

Com o selo, Centro de Produção de Alimentos Saudáveis Antonio Tavares simboliza a capacidade de transformação por meio da coletividade e da determinação. É a luz a um caminho de esperança e sustentabilidade para as futuras gerações.

Acampamento Fidel Castro é vida e dignidade

A comunidade foi criada em 2008, quando trabalhadoras/es Sem Terra ocuparam uma área deixada pelo grupo Atalla, antiga produtora de cana-de-açúcar. Hoje, a área de 4.100 hectares representa estudo, moradia e saúde para cerca de 400 famílias.

Além de cultivar a terra, antes improdutiva devido à monocultura, também semeiam a solidariedade e a esperança em um futuro agroecológico e coletivo.

Hortas mantém viva a memória de Antonio Tavares 

O Monumento foi erguido à beira da estrada, onde o agricultor foi assassinado. Oscar Niemeyer arquitetou a construção do memorial. Foto: Wellington Lenon

As mais de 20 hortas comunitárias espalhadas pelo estado do Paraná, em acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária Popular, são uma iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no marco de 20 anos do brutal assassinato do companheiro Antonio Tavares.

O caso ocorreu em 2000, quando uma ação repressiva da Polícia Militar do Paraná, em Campo Largo (PR), acarretou em no massacre na BR-277. À época, as famílias participavam de uma marcha pela Reforma Agrária e entrariam em Curitiba. A homenagem ao companheiro é uma forma de resistência e de manter vivos os ideais pelos quais lutamos.

*Editado por Solange Engelmann