Educação do Campo

MST forma 5ª turma de Pedagogia da Terra no Paraná 

O curso formou 20 pedagogas e pedagogos do campo do MST e de comunidades quilombolas
Foto: Larissa Seibert

Por Coletivo de Comunicação e Cultura/MST no PR
Da Página do MST

No mês em que é comemorado o Dia do Professor/a, chegamos a mais uma importante conquista para os povos do campo, das águas e das florestas. Na última sexta-feira, dia 18 de outubro, ocorreu o ato de formatura da turma Abayomi Marias de Licenciatura em Pedagogia: Docência em Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental no contexto do campo, realizado na Universidade do Centro Oeste do Paraná (UNICENTRO), no campus de Guarapuava, PR.

A turma teve início com um projeto concebido em 2015, a partir das demandas apresentadas pelos movimentos sociais do campo, em específico, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento Quilombola. O projeto foi abraçado pelo laboratório de Educação do Campo e Indígena (LAECI) e pelo departamento de Pedagogia da UNICENTRO, com aporte de recursos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). 

O curso foi aprovado em 2018, período em que também foi realizado o vestibular. As inscrições ocorreram em junho de 2018, porém o curso se iniciou apenas em dezembro de 2020, em meio à pandemia global da covid-19, com aulas remotas.

“O curso de pedagogia é uma conquista da classe trabalhadora dos movimentos sociais do campo. Vale destacar que esta turma foi conquistada em um dos momentos mais críticos da política nacional, mas que graças à luta e a capacidade de organização coletiva conseguimos assegurar”, diz Jaqueline Baim do coletivo do setor de educação do MST Paraná. 

Durante o primeiro ano e metade do segundo ano, os e as estudantes enfrentaram as aulas remotas com dedicação e coragem. Em novembro de 2021, com a vacina e a diminuição dos casos de covid-19, realizaram a primeira etapa presencial, assim como as demais etapas, seguindo a organização da Alternância. 

O curso encerra-se em 2024, formando 20 Pedagogas e Pedagogos do campo do MST e de comunidades quilombolas. “Hoje celebramos nossa vitória, mas também renovamos nosso compromisso com a educação e com a sociedade que sigamos juntos, com os ensinamentos que recebemos, na construção de um futuro melhor,” afirma um trecho do discurso da Turma Abayomi Marias durante a formatura.

Fotos: Reprodução

Curso Pedagogia da Terra

O curso completou 20 anos de trajetória e é uma conquista dos movimentos sociais populares do campo, que a partir de sua força e mobilização tem conquistado junto ao Estado brasileiro avanços em políticas públicas na perspectiva da garantia do direito à educação às populações camponesas. 

Em parceria com os movimentos sociais populares a UNICENTRO, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), o Pronera é um compromisso coletivo com a formação de educadores e educadoras do campo. 

Essa é a 5ª turma que se forma no Paraná com militantes vindos de outros estados. A 1ª  turma foi realizada em 2004 a 2007, na UNIOESTE, em Francisco Beltrão e formou 32 educandos, já a 2ª turma realizada entre 2009 a 2012, na UNIOESTE, em Cascavel formou 35 educando. Em 2013 a 2017 foi realizada a 3ª turma no mesmo local, a 4ª turma ocorreu entre 2013 e 2016, na Universidade Estadual de Maringá (UEM), em parceria com a Escola Milton Santos de Agroecologia e formou 20 educandos. 

Mesmo durante o curso os educandos já começam a atuar em Escolas do Campo colocando em prática os ensinamentos, norteado pela prática concreta e um embasamento teórico e prático da pedagogia da terra. Assim a maioria da militância começara a atuar com mais qualidade na área da educação, ou propriamente em salas de aulas, sendo pedagogos, coordenadores e diretores nas Escolas do Campo pelo país e alguns atuando na coordenação do Setor de Educação do MST.

“Neste ano de festa e celebração, celebração pela recente comemoração dos 25 anos da Educação do Campo e do Pronera, e também no ano que celebramos os 40 anos do MST, celebrar essa conquista do ato de formatura é uma vitória da classe trabalhadora e construção da Reforma Agrária popular. Os Sem Terra além de ocuparem os latifúndios, também rompem as cercas do latifúndio do Saber. Que a universidade se pinte de povo”, conclui Baim.

E como diz a nossa palavra de ordem, esta nova turma é mais um passo na garantia de direitos: “Educação do Campo, direito nosso, dever do Estado e compromisso da comunidade!”.

*Editado por Solange Engelmann