Jornada

MST inicia 14º Encontro das Crianças Sem Terrinha do Paraná

Além de oficinas de arte-educação, apresentações artísticas e visita ao Zoológico, as crianças vão participar de audiência na ALEP, nesta quinta-feira (23), para entregar uma pauta de reivindicações
O 14º Encontro começou nesta quarta-feira, em Almirante Tamandaré (PR). Foto: Juliana Barbosa/MST no PR 

Por Setor de Comunicação e Cultura do MST no PR
Da Página do MST

No mês que é comemorado o Dia da Criança, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza o 14º Encontro Estadual das Crianças Sem Terrinha, com início na manhã desta quarta-feira (23) e encerramento na sexta (25). A atividade reúne cerca de 450 crianças de assentamentos e acampamentos do em Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba. 

A atividade faz parte da Jornada Nacional das Crianças Sem Terrinha e acontece anualmente. Nesta edição terá caráter celebrativo aos 40 anos do MST. O objetivo da atividade é proporcionar um espaço para que as crianças Sem Terrinha compartilhem experiências, aprendam sobre seus direitos e fortaleçam seu sentimento de pertencimento na luta por reforma agrária popular.

Mais de 450 crianças participam do encontro, que vai até sexta-feira. Foto: Juliana Barbosa/MST-PR 

Jones Fernando, integrante da direção estadual do Setor de Educação do MST, comenta sobre este primeiro encontro presencial após a pandemia Covid-19: “É um ano de celebração pelos 40 anos do nosso Movimento, e também pela retomada dos nossos encontros presenciais das jornadas estaduais Sem Terrinha […] Essa geração de crianças nunca participou de um encontro massivo como este, então elas estão super ansiosas, aguardando esse momento”. 

O lema deste ano, “Brincar e Estudar fazendo História por Reforma Agrária Popular”, reflete uma pauta de reivindicações que será construída durante o encontro. Mais do que um evento recreativo, este encontro se configura como um espaço de formação e interação social, que proporciona às crianças uma visão crítica sobre sua realidade e o papel que desempenham na luta por justiça social e igualdade no campo.

A atividade terá oficinas e atividades culturais. Fotos: Juliana Barbosa / MST-PR 

É uma ocasião em que crianças de assentamentos e acampamentos de todas as regiões do estado podem discutir temas que afetam diretamente suas vidas, como educação, meio ambiente, direitos infantis, cultura e alimentação. 

Confira a programação

A programação do evento é variada, incluindo debates, oficinas, apresentações culturais e momentos de lazer. As atividades começaram na manhã desta quarta-feira (24), O dia começou com uma linda mística apresentada pelas crianças da escola Herdeiros do Saber, do acampamento Maila Sabrina, localizado em Ortigueira, região Norte do estado.

Durante o período da manhã teve muita música, apresentação de circo da Trupe Bicho de Pé, formada por crianças do colégio estadual do campo Maria Aparecida Rosignol Franciosi e Escola Municipal do Campo Trabalho e Saber, do assentamento Eli Vive, região Norte.

As crianças também coordenaram o ato de abertura, com a participação da companheira Bruna Zimpel, direção nacional do MST pelo Paraná; Michelle Borsatto, técnica pedagógica do Departamento de Educação Inclusiva da equipe da Educação do Campo da Secretaria Estadual de Educação; deputado estadual Professor Lemos (PT); Nilton Bezerra Guedes, superintendente do Incra/PR; e Roland Rutyna, superintendente Geral de Diálogo e Interação Social do governo do Paraná (SUDIS).

Ato de abertura reuniu representantes dos poderes executivo e legislativo estadual. Foto: Barbara Zen / MST no PR  

A programação segue o dia todo, com conversa com o Comitê de Cultura do Paraná sobre o Direito à Arte e à Cultura do/no Campo, estudos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e apresentações artísticas e culturais com o grupo “Vem bumbá, meu boi”, e oficina de dança.

As crianças também vão se reunir para organizar a pauta de reivindicações para a audiência que ocorrerá na quinta-feira (23), na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), a partir das 9h. Este é um dos momentos altos do evento, onde elas demonstram sua força e organização, reivindicando políticas públicas que garantam seus direitos fundamentais, como o acesso à educação de qualidade, alimentação saudável, direito à arte e à cultura, e o direito de ser criança.

Ainda na tarde de quinta-feira, os/as Sem Terrinha vão poder escolher entre mais de 20 oficinas de arte-educação, oferecidas por amigas/os e parceiros do MST. O encerramento do dia será com apresentação do grupo Maracatu Aroeira e noite cultural com apresentações das próprias crianças.

Na sexta-feira (25), o dia começa com uma comemoração pelos 40 anos do MST, com a partilha de um bolo e apresentações artísticas de “O circo é nosso” com Luz e Ronaldo, e finalizará com uma visita ao Zoológico de Curitiba.

A importância do encontro para as crianças Sem Terrinha 

O Encontro dos Sem Terrinha é mais do que uma oportunidade de convívio entre crianças de diferentes assentamentos e acampamentos; ele desempenha um papel fundamental na construção da identidade dos pequenos dentro do movimento. Para muitas dessas crianças, a participação no evento marca o início de sua conscientização política e de seu compromisso com as causas que envolvem a luta por reforma agrária e justiça social a partir de sua visão 

“Espero que seja um momento de muita diversão, aprendizados e muita coisa boa, o sem terrinha pra mim é um momento muito especial, porque conheço crianças de vários lugares que estarão lá para interagir e lutar por nossos direitos” diz Rafaela, de 9 anos, sobre o que ela espera do seu primeiro encontro das Crianças Sem Terrinha. Ela mora no acampamento Herdeiros da Luta de Porecatu, estudante da Escola Itinerante da comunidade.  

Imagens de edições anteriores do Encontro. Foto: Arquivo MST

A participação das crianças nos debates do encontro reforça a importância de que elas se vejam como agentes de transformação social desde cedo. Nesse sentido, o 14º Encontro Nacional dos Sem Terrinha também é uma oportunidade de mostrar para a sociedade brasileira que a luta pela terra e pela reforma agrária não é só dos adultos, mas de toda uma geração que está crescendo dentro desse contexto.

*Editado por Fernanda Alcântara