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Nota do MST em despedida a Antônio Canuto

Leia a nota de pesar do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
Foto: Acervo

É da maior importância a indignação diante dos que concentram a terra, dos que se locupletam às custas do sangue e suor dos trabalhadores do campo”

– Antônio Canuto

Da Página do MST

Nesta terça-feira (3), nos despedimos de Antônio Canuto, membro histórico da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Canuto foi um fiel defensor dos mais pobres, em especial, dos povos da terra, dedicando sua vida à denúncia das violações e violências a que estes são sujeitados. Ao nos deixar, devido a uma parada cardíaca, semeia para sempre seu legado na resistência contra o latifúndio e as demais mazelas que assolam os mais marginalizados deste Brasil. 

Nascido em Caxias do Sul (RS), em 1941, Canuto mudou-se para Mato Grosso aos 30 anos, para se unir aos sacerdotes da Prelazia de São Félix do Araguaia. Ali, ao lado de Dom Pedro Casaldáliga, indignou-se e denunciou para o mundo os desmandos que fazendeiros praticavam contra camponeses e indígenas. No local, contribuiu na elaboração do importante texto “Uma igreja da Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social”.

Em 1975, junto de Dom Pedro Casaldáliga, Dom Tomás Balduíno e outros religiosos, fez parte da fundação da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Em meio ao auge da ditadura civil-militar, implantada no país em 1964, a militância de Canuto na CPT serviu para evidenciar a violência com que o progresso ditatorial assolava os povos do Araguaia frente à sanha expansionista sobre a Amazônia Legal. 

Antonio Canuto é autor de dois livros: “Resistência e Luta conquistam território no Araguaia Mato-Grossense” (Editora Outras Expressões, 2019) e “Ventos de profecia na Amazônia – 50 anos da Prelazia de São Félix do Araguaia” (Editora PUC Goiás, 2021). Contudo, seu legado, para além dos livros, está presente na luta que camponeses, indígenas e todos os demais povos seguem construindo contra a concentração da terra. Antonio Canuto será enterrado às margens do Araguaia, conforme seu pedido. Seguirá presente na luta daquela região. 

Neste momento de partida, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra lembra e semeia a luta de Antonio Canuto. Amigo do MST, Canuto seguirá vivo em nossas ocupações. Estará presente em cada ofensiva nossa contra o agronegócio e o latifúndio. Sua vida será combustível na nossa denúncia contra todos aqueles que fomentam a miséria e a violência contra os povos. Que sua família e amigos se sintam abraçados por toda nossa militância Sem Terra. 

Antonio Canuto, presente!

São Paulo, 3 de dezembro de 2024

Direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra