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“Não me vejo fora do MST”: a história de Madalena e as Feiras do MST em Alagoas
Por Julia Neves
Da Página do MST
Dentre as várias bancas presentes na 6ª edição da Feira da Reforma Agrária em Atalaia (AL), na primeira delas, uma senhora de olhar sereno vende seus legumes: Maria Madalena da Silva, do assentamento Margarida Alves.
Aos 61 anos de idade, Maria Madalena participa das Feiras do MST há 23 anos e antes de integrar o Movimento Sem Terra, passou parte de sua vida nas usinas, cortando cana-de-açúcar e conta que conheceu o MST através de seu ex-marido, em 1999, e assim começou sua jornada na luta pela terra.
Após muitos anos junto ao MST, Madalena relembra de como eram as Feiras no início e conta das mudanças positivas que elas tiveram ao longo dos anos graças à organização e à visibilidade que teve o Movimento.
“Hoje em dia, temos mais estrutura para montar as barracas. Há muitos anos atrás, quando a gente começou, lá na Praça da Faculdade, em Maceió, era no chão e com barracos de lona, como um acampamento. E a Feira foi crescendo, hoje é muito melhor, quanto mais organização, mais pessoas vêm visitar’’.
Além de outras mudanças em sua vida, como o fato de não precisar mais trabalhar para outras pessoas, Madalena destaca a felicidade em saber que hoje tira o seu sustento da terra. “Passei muito tempo da minha vida trabalhando para os outros, é uma felicidade hoje poder plantar minhas coisas’’, comentou.
“Não me vejo fora do MST’’
Ao lembrar dos tempos de mais dificuldade, ela diz que felizmente hoje tem um lugar para chamar de seu e afirma que não se vê mais sem fazer parte disso, já que o MST tem muita importância em sua vida. Segundo ela, tudo foi fruto da luta coletiva pela terra, que fez com que ela pudesse viver uma vida mais digna.
“Tudo que eu consegui hoje foi por causa do MST. Cada passo dado nosso é muito importante’’, explica.
A feirante fala com muito orgulho sobre os tipos de plantação que existem em seu assentamento. “Lá nós plantamos de tudo, tem banana, feijão, coco, batata, macaxeira, inhame, abacaxi, caju…’’ e se sente orgulhosa em poder ir parar às feiras comercializar os frutos de sua luta. “Amo cada feira que eu vou, cada coisa aqui é uma conquista’’.
A história de Madalena se conecta com a de diversos trabalhadores e trabalhadoras que participam da Feira do MST em Atalaia, na Zona da Mata de Alagoas que fortalece o diálogo com a sociedade sobre o papel da Reforma Agrária para a produção de alimentos saudáveis e transformação social.
*Editado por Fernanda Alcântara