Cooperação em Rede

MST realiza Encontro Nacional de Cooperativas da Reforma Agrária nesta quinta (26)

Atividade será de debates entre cooperativas e associações do MST para o planejamento de ações prioritárias no próximo período
2º Dia do Encontro das Cooperativas das áreas de Reforma Agrária. Foto: Priscila Ramos

Por Solange Engelmann
Da Página do MST

Com a intenção de fortalecer o processo de cooperação e intercooperação entre as áreas de Reforma Agrária no campo e discutir os desafios do setor de Produção Cooperação e Meio Ambiente do MST para o próximo período, entre os dias 26 a 27 de fevereiro, acontece o Encontro Nacional de Cooperativas da Reforma Agrária, em Luziânia, no Distrito Federal.

O objetivo do Encontro é promover debates entre as cooperativas que integram a União Nacional das Cooperativas da Reforma Agrária Popular do Brasil (Unicrab) para o planejamento de ações prioritárias no próximo período. Essas atividades são realizadas anualmente.

“O Encontro será um marco na discussão da agroecologia e na articulação por políticas e parcerias para o fortalecimento da Reforma Agrária, com debate sobre nossas cadeias produtivas prioritárias e desafios do setor de produção do MST. Também é indispensável avançarmos nas temáticas e instrumentos como créditos, comercialização, mecanização etc., que deverão ser fortalecidos tendo os agroecossistemas no centro da nossa discussão de transição da matriz produtiva”, explica o dirigente do setor de produção do Maranhão, Elias Araújo.

A Unicrab reúne mais de 200 cooperativas, com foco no fortalecimento da produção de alimentos saudáveis e combate à fome no país. A entidade foi lançada em abril do ano passado e atua em rede, com o objetivo de fomentar o cooperativismo e fortalecer as cooperativas da Reforma Agrária para combater a fome e a pobreza em todo Brasil, gerando emprego, desenvolvimento da agricultura familiar, renda e soluções para promover a dignidade humana e a qualidade de vida no campo e nas áreas urbanas.

Francisca Clarice de Sousa, da direção do setor de Produção do MST e da direção da Unicrab, também aponta que uma das principais pautas da atividade será sobre as cadeias produtivas prioritárias para 2025, além de outras demandas. “Vamos discutir ainda sobre o fortalecimentos das cooperativas, o acesso a créditos e políticas públicas necessárias; além do aprofundamento dos debates da cooperação, Reforma Agrária, agroecologia e produção de alimentos saudáveis”.

A expectativa é que a atividade reúna cerca de 150 participantes, entre membros de cooperativas, associações, assentamentos de Reforma Agrária de 23 estados e do Distrito Federal; e representantes de entidades parceiras da luta pela terra.

Avançar na Reforma Agrária Popular

Em relação à produção de alimentos e combate à fome, Elias destaca que as cooperativas de reforma agrária têm o desafio de materializar o debate da Reforma Agrária Popular defendida pelo MST, por serem instrumentos que garantem a participação de pessoas nos processos do Movimento, bem como precisam atuar como um suporte importante na transição dos sistemas de produção do convencional para o agroecológico.

Cooperativas de Reforma Agrária comercializam uma variedade de alimentos em todo país e no exterior. Foto: Helena Cantão

“Tanto na tarefa imediata de produção e distribuição de alimentos, quanto em mudanças mais profundas na nossa relação com os sistemas de produção como um todo. Necessitamos que 100 mil famílias assentadas no Brasil realizem a transição do modelo convencional para a agroecologia e não faremos isso sem as cooperativas e associações de camponeses fortalecidas.”

Políticas Públicas e acesso à tecnologia

Ao mesmo tempo que tem avançado no último período, as cooperativas e associações do Movimento enfrentam um conjunto de desafios no processo de produção, beneficiamento e comercialização, principalmente em relação ao acesso a créditos agrícolas e a tecnologias a custos menores para a agricultura familiar. Ou seja, faltam políticas públicas apropriadas por parte do Governo Federal e estaduais para o setor no estimulo à produção de alimentos saudáveis.

Por outro lado, Elias ressalta que o MST tem avançado na organização de cooperativas e associações, com a implantação de pelo menos uma associação ou cooperativa que tem se tornado referência na representação dos assentamentos nos estados por todo país, mas que os desafios ainda permanecem em várias frentes. “O grande desafio é inserir estas organizações num amplo sistema de acesso às políticas voltadas para os assentados e a agricultura familiar. A dificuldade de acesso à informação, de gestão e incidência nas políticas voltadas ao setor é o desafio principal destas organizações”, conclui.

*Editado por Fernanda Alcântara