Mulheres Contra o Capital
Mulheres Sem Terra denunciam as violências do capital no campo por todo o país
Ao todo, 12 mil mulheres realizaram mais de 70 atividades massivas em nível nacional, reunindo mulheres de 23 estados e Distrito Federal

Da Página do MST
Em continuidade às ações do 8 de março por todo o país, do Dia Internacional da Mulher, as mulheres Sem Terra realizam sua Jornada Nacional de Lutas, com o lema ”Agronegócio é violência e crime ambiental, a luta das mulheres é contra o capital!”. Ao todo, 12 mil mulheres realizaram mais de 70 atividades massivas em nível nacional, reunindo mulheres de 23 estados e do Distrito Federal.
Entre as principais ações, as mulheres organizaram uma ocupação de área da empresa Suzano, em Aracruz, ES; denunciaram a empresa CMPC, que está dominando a silvicultura no Rio Grande do Sul; ocuparam a área no Perímetro de Irrigação Tabuleiro de Russas, em Limoeiro do Norte, CE; realizaram um escracho na subestação João Câmara III, da Chesf, RN; ocuparam trecho da BR-010, via de acesso a uma das maiores fábricas de papel e celulose da Suzano no país, em Imperatriz, MA.
A Jornada conta com atividades entre 11 a 14 de março e reúne as mulheres do campo, das águas e das florestas em encontros, formações, plantios, marchas, protestos e ocupações de terra em todas as regiões do país. As ações buscam denunciar as violências do agro-hidro-mínero-negócio, que expropria corpos e territórios, envenena povos e terras, mercantiliza alimentos e a natureza, seca rios, aprofunda desigualdades e agrava a crise ambiental.
Em carta manifesto, as Mulheres Sem Terra denunciam que: “O capitalismo no campo tem demonstrado sua face perversa para toda a sociedade brasileira, com crimes ambientais devastadores e, ainda assim, eles continuam com seu projeto de lucro e morte. Não podemos esquecer a lama tóxica da Vale, que atravessou Mariana e Brumadinho, do afundamento da Lagoa Mundaú e dos bairros periféricos, causado pela Braskem em Alagoas, o desmatamento por agrotóxicos provocado por fazendeiros no Pantanal matogrossense e as mais de quatro mil denúncias por crimes ambientais registrados a cada mês no Brasil.”
Confira as mobilizações realizadas em todas as grandes regiões do país:
NORDESTE

Alagoas
Na manhã desta quinta-feira (13), cerca de 300 mulheres trabalhadoras rurais e urbanas realizaram um ato de denúncia contra a Mineração Vale Verde, localizada no município de Craíbas, interior de Alagoas.
O ato denunciou que a atividade da mineração na região tem provocado impactos ambientais e sociais graves, incluindo contaminação de rios, morte precoce de animais, tremores de terra e rachaduras em casas. Os relatos dos moradores apontam também que explosões frequentes utilizadas no processo de extração mineral estão afetando comunidades vizinhas, trazendo insegurança para as famílias que vivem no território.
Presente na região desde 2007, a Mineração Vale Verde tem o objetivo de realizar o “Projeto Serrote” no Agreste de Alagoas, para a abertura de uma mina a céu aberto para o beneficiamento e produção do concentrado de cobre.
Já na noite desta quarta-feira (12), ocorreu o Ato Político em Defesa da Reforma Agrária, no Acampamento Dandara dos Palmares, em Maceió (AL), reunindo apoiadoras e organizações parceiras da luta pela Reforma Agrária. A atividade reafirmou a unidade do campo e da cidade na defesa da luta pela terra, da produção de alimentos saudáveis e do enfrentamento à violência contra as mulheres.
Pernambuco
Entre os dias 13, 14 e 15 de março, o MST em Pernambuco realiza o Encontro Estadual das Mulheres Sem Terra, no Centro de Formação Paulo Freire, localizado no assentamento Normandia, em Caruaru. O evento reune camponesas de diversas regiões do estado para debater a conjuntura, fortalecer a auto-organização e reafirmar a luta feminista e anticapitalista no campo.
No estado, as mulheres Sem Terra também estiveram nas ruas de Olinda no dia 8 de março, se somando às mobilizações nacionais.
Ainda no próximo dia 15 de março, as camponesas tomarão as ruas de Caruaru em marcha, marcada pela resistência e celebração, juntamente com o bloco feminista Nem Cá Mulesta.
Sergipe
Na manhã desta quinta-feira, dia 13, as mulheres Sem Terra de diversas regiões de Sergipe protagonizaram ações na cidade de Estância. Além de realizarem uma caminhada e fecharem a BR-101, as camponesas distribuíram mais de 5 toneladas de alimentos a quem passava pela rodovia durante o trancamento.
A mobilização não só reafirma a luta contra as violências do agronegócio e a destruição ambiental, mas também destaca a solidariedade e o compromisso com as comunidades que enfrentam a precariedade nas estradas. As mulheres camponesas utilizaram a ação para denunciar o modelo agroexportador que agrava a concentração fundiária e perpetua desigualdades.
Bahia
Na manhã desta quinta-feira (13), cerca de 300 famílias agricultoras realizaram duas ocupações de terras improdutivas na região da Chapada Diamantina, na Bahia.
As áreas ocupadas estão localizadas nos municípios de Nova Redenção e Boa Vista do Tupim e há anos permanecem improdutivas. As mulheres Sem Terra reivindicam que esses territórios sejam destinados à Reforma Agrária, garantindo às famílias agricultoras o direito de produzir alimentos saudáveis, gerar emprego e viver com dignidade no campo.
Já na manhã desta quarta-feira (12), cerca de 600 mulheres Sem Terra ocuparam um trecho da BR-101, próximo a Gontijo, no sentido de Itamaraju, no extremo sul da Bahia. A ocupação da rodovia é uma das diversas ações organizadas nacionalmente, marcando a resistência das mulheres contra a exploração dos territórios camponeses. O protesto também se soma às mobilizações do Dia Internacional da Mulher, reafirmando o protagonismo feminino na luta por soberania alimentar, justiça social e defesa dos bens naturais.
Paraíba
Nesta quinta-feira (13), cerca de 300 mulheres Sem Terra realizaram ato no litoral Paraibano, em frente à empresa de energia solar Atiaia, no município de Caaporã, na divisa entre a Paraíba e Pernambuco. Participaram as camponesas e camponeses de acampamentos e assentamentos de todo o litoral paraibano.
Na tarde desta quarta-feira (12), no Pré-assentamento Wanderley Caixe, em Pedras de Fogo, ocorreu uma formação de cerca de 130 mulheres que vivem nos acampamentos e assentamentos localizados na várzea e litoral do estado. Ao longo da formação foram realizadas oficinas e uma marcha.
Ainda nesta quinta-feira (13), as mulheres Sem Terra paraibanas também se somaram à 16ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia, ocupando as ruas do município de Esperança (PB), para denunciar os impactos dos mega projetos energéticos. Assim como as agricultoras do Polo da Borborema, as camponesas marcharam contra o arrendamento injusto das terras, a inviabilização da produção de alimentos saudáveis e a destruição do meio ambiente e do modo de vida camponês.
Ceará
Na madrugada desta quinta-feira (13), as Mulheres Sem Terra ocuparam a área no Perímetro de Irrigação Tabuleiro de Russas, localizado no município de Limoeiro do Norte, Ceará. A ação reuniu mais de 200 famílias e traz o debate sobre a Reforma Agrária na região, conhecida como um dos principais espaços de atuação do agronegócio no Estado. A terra ocupada pertence à União e está sob responsabilidade do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).
Piauí
As Mulheres Sem Terra piauienses ocuparam a sede da Agespisa, em São João do Piauí. Nos últimos meses, o governo do estado tem promovido uma série de privatizações no estado, uma delas, é a Agespisa, que impacta diretamente a população, denunciando o descaso do governo com a população piauiense, mas principalmente com as famílias assentadas da Reforma Agrária. A ação também denuncia a forma como a capital tem se apropriado dos territórios e dos recursos naturais, através dos parques de energias renováveis.
Rio Grande do Norte
Na manhã desta quinta-feira (13),o coletivo de mulheres do MST no Rio Grande do Norte realizou ação na subestação João Câmara III, da Chesf, uma das maiores do estado, localizada na comunidade de Queimadas, no município de João Câmara, região do Mato Grande. As mulheres buscaram denunciar o avanço do capital energético nas comunidades tradicionais do estado em manifestação. Contratos abusivos, problemas de saúde, sociais e conflitos territoriais são algumas das consequências do avanço das energias renováveis no estado potiguar.
A região é conhecida como Capital Nacional dos Ventos, por apresentar um dos maiores polos de concentração de complexos eólicos do país. A área apresenta uma grande concentração de assentamentos, a exemplo do Marajó, Modelo I e II, Maria da Paz, Brinco de Ouro, Limão, Primeiro de Junho e outros, que acumulam mais de 500 famílias diretamente atingidas.
SUDESTE

Espírito Santo
Durante esta quinta-feira (13), cerca de mil Mulheres Sem Terra dos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais reuniram-se para ocupar uma área da empresa Suzano, no município de Aracruz (ES). Atualmente, existem 22 áreas em conflito com a Suzano somente no Espírito Santo, e em todo o Brasil, as demais negociações de conflito não têm avançado.
São Paulo
Mais de 100 mulheres assentadas e acampadas do MST de diversas regiões do estado de São Paulo, realizaram ato na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na capital, na manhã desta quinta-feira (13), para apresentar a pauta de reivindicações da Reforma Agrária que continua paralisada no estado.
No estado de São Paulo, existem aproximadamente 5 mil famílias acampadas ainda aguardando a terra. As Mulheres Sem Terra reivindicam que o governo faça cumprir a Constituição Federal e desaproprie imediatamente as terras devolutas e improdutivas para que essas famílias saiam da condição de acampadas e possam se desenvolver a partir da agricultura familiar.
Minas Gerais
Na manhã do dia 8 de março, as Mulheres Sem Terra participaram do Ato #8M em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, para lutar contra as violências e pela igualdade junto com os sindicatos, partidos e movimentos do campo popular. Também houveram atividades regionais no estado com formação e mutirões de plantio de árvores, exercitando a teoria e prática na luta pela regeneração ambiental e contra o capital.
SUL

Santa Catarina
No último dia 7, cerca de 100 mulheres camponesas ocuparam a praça de São José do Cedro, no extremo oeste de Santa Catarina. As manifestantes reafirmaram a Jornada Nacional de Luta das Camponesas “Pela vida das Mulheres seguimos na defesa da agroecologia e da democracia, contra o fascismo, o patriarcado e o racismo.” Neste ato, as atividades contaram com a participação das companheiras e companheiros da PJR, MST, MMTU, Fetraf, lideranças da igreja e representantes de mandatos.
Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, mais de mil Mulheres Sem Terra estiveram mobilizadas nesta quinta-feira (13), em quatro regiões, para denunciar o avanço da silvicultura e a preocupação com o que esse avanço provoca no bioma Pampa. O principal alvo da mobilização é a empresa CMPC, que está dominando a silvicultura no estado. As ações acontecem em Guaíba, Porto Alegre, Pelotas, Santana do Livramento e Tupanciretã com marchas, intervenções culturais, debates e plantio de mudas. Ocorreu também a entrega de uma Notícia de Fato, com uma denúncia sobre a desregulamentação das normas ambientais relacionadas à silvicultura e seus impactos socioambientais no Rio Grande do Sul ao Ministério Público Federal, assinada por diversas entidades.
Paraná
Na manhã desta quinta-feira (13), as Mulheres do coletivo Marmitas da Terra do Paraná, foram ao território indígena Cristo Purunã, localizado no Morro do Cristo, em São Luiz do Purunã, para realizar mais uma ação de solidariedade.
O reconhecimento da trajetória de lutas na consolidação dos movimentos sociais e do trabalho desempenhado à frente do coletivo Marmitas da Terra rendeu a Adriana Oliveira, que também compõe a direção estadual do MST no Paraná, uma homenagem prestada pela Assembleia Legislativa do Estado (Alep). O evento aconteceu na noite da última terça-feira (11), no Plenarinho da Casa, sob proposição da deputada Ana Júlia e em alusão ao Dia da Mulher.
Já na noite da última segunda-feira (10), mulheres, homens e crianças do Coletivo Marmitas da Terra, e convidadas, se uniram para debater e produzir arte. Esta foi mais uma ação que compõe o “Aromas de Março”, iniciativa que visa promover atividades que valorizem a diversidade, coletividade e a criatividade como ferramentas de luta e de construção política e social.
Na manhã da última sexta-feira (7), 500 camponesas e camponeses Sem Terra realizaram uma marcha até a Prefeitura Municipal, em Reserva do Iguaçu (PR), para denunciar a ameaça de despejo de 110 famílias da comunidade Resistência Camponesa. A mobilização integrou o Encontro Estadual das Mulheres Sem Terra do Paraná, iniciado no dia anterior, com companheiras Sem Terra de diversas regiões do estado. No período da tarde, a mobilização foi em frente ao Fórum da Comarca de Pinhão, onde se reuniram com a juíza titular Natália Calegari Evangelista.
Na última quinta-feira (6) também ocorreram mutirões de doação de sangue, aulas de defesa pessoal para mulheres, e a participação delas no ato unificado da Frente Feminista do estado, durante a marcha do 8M em Curitiba.
CENTRO-OESTE

Distrito Federal
Nesta quinta-feira (13), mais de 350 mulheres se reuniram no Acampamento 8 de Março, em Planaltina (DF), para um ato político com plantio de árvores e distribuição de alimentos na BR-020, que liga Brasília a Planaltina. A ação teve o objetivo de promover o debate sobre a reforma agrária, o direito a alimentos saudáveis, e denunciar as violações do agronegócio que envenenam os territórios, as águas e os corpos de homens, mulheres e crianças.
Goiás
Cerca de 200 Mulheres Sem Terra se reuniram no acampamento Dom Tomás Balduíno, em Formosa, Goiás, para o Ato Político em Defesa da Reforma Agrária, que articulou pautas relevantes sobre a luta pela Reforma Agrária e o enfrentamento ao agronegócio na região.
Rondônia
Na manhã desta quarta-feira (12), as Mulheres Sem Terra, em conjunto com a Via Campesina, realizaram uma audiência em Jaru, com representantes do poder público para discutir a Reforma Agrária, a soberania alimentar e políticas públicas que garantam dignidade às trabalhadoras do campo, das águas e das florestas.
A audiência, aconteceu em meio ao Encontro Estadual das Mulheres da Via Campesina, que ao longo de dois dias de atividades, abordaram temas como as reflexões sobre a condição das mulheres no campo, os impactos dos agrotóxicos em suas vidas, e fazer encaminhamentos para a realização da VIII Festa Camponesa.
Mato Grosso
No Mato Grosso, 150 Mulheres Sem Terra realizam um Ato na Assembleia Legislativa do estado, em Cuiabá, contando com o apoio de outras organizações camponesas e urbanas de todas as regiões do estado. O Ato tem objetivo de denunciar as diversas violências cotidianas que a assembleia tem legitimado na sua atuação.
As camponesas também repudiam alguns projetos de leis que têm sido apresentados na casa legislativa, como: a redução da distância mínima para pulverização de agrotóxicos; a retirada do estado de Mato Grosso da Amazônia Legal, para ampliação das áreas desmatadas; a reclassificação das áreas de Cerrado da Amazônia, dentre outros
AMAZÔNICA

Maranhão
Na manhã desta quinta (13), mais de 250 mulheres do Movimento Sem Terra e de comunidades rurais da região Amazônica, dos estados do Maranhão, Pará e Tocantins ocuparam trecho da BR-010, via de acesso a uma das maiores fábricas de papel e celulose da Suzano no país, em Imperatriz, MA. Esta é uma região estratégica de escoamento do agronegócio, em denúncia ao avanço do eucalipto, violências contra trabalhadores rurais, pulverização aérea de agrotóxicos e contaminação do solo e das águas.
A empresa tem ameaçado trabalhadores rurais e proibido o plantio de alimentos em territórios de reforma agrária e terras da União sob judicialização, com práticas de intimidação, uso de violência física e despejo de veneno nas plantações.
Pará
Nesta quinta-feira (13), aconteceu em Parauapebas(PA), a audiência pública das mulheres na Câmara Municipal. Onde as trabalhadoras rurais Sem Terra realizam atividade para denunciar a falta de políticas públicas efetivas e direitos básicos. Após a audiência e ato, as camponesas também realizam doação de alimentos à famílias vulneráveis, reafirmando a importância da Reforma Agrária e produção de alimentos saudáveis para o povo.
Tocantins
As Mulheres do MST se reuniram para mais um dia de luta e fortalecimento coletivo, no acampamento Beatriz Bandeira, em Caseara (TO). Durante o encontro, foram discutidos protocolos de segurança, experiências e desenvolvimento de estratégias de enfrentamento ao agronegócio, às violências e crimes ambientais. O espaço, teve roda de conversa, que abordou temas como liberdade financeira e as diversas formas de violência que atingem as mulheres no campo e na cidade.
Roraima
Na noite desta quarta-feira (12), as Mulheres Sem Terra de Roraima, se reuniram no Ponto de Cultura Ulisses Manaças, Boa Vista-RR, para debater as violências que afetam as afetam, em conjunto com uma oficina de autocuidado organizado pelo setor de gênero do estado, com sessões de escalda pés e ervas medicinais. Além da atividade realizada na capital, ocorrerá outra edição desse encontro de debate e autocuidado na comunidade rural de Mucajaí-RR, no próximo domingo (16), com a presença das agricultoras familiares, onde é desenvolvido o projeto de plantio de árvores.