agroecologia
5° Turma de Tecnologia em Agroecologia se forma no Paraná
"Nos comprometemos enquanto turma a voltar aos nossos territórios, para fortalecer a luta pela terra, pelos povos e pela agroecologia"

Por Ana Clara Garcia Lazzarin do Setor de Comunicação e Cultura do MST-PR
Da Página do MST
Uma conquista para a classe trabalhadora latina americana, no último sábado,(05), a turma de Tecnologia em Agroecologia Ubuntu Aroeira celebrou com um grande ato e uma bela festança sua formatura na Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA) no Assentamento Contestado na Lapa PR. A turma que se forma com 23 militantes é uma parceria entre a ELAA e o Instituto Federal do Paraná – Campus Campo Largo.
O ciclo que se iniciou em 2020 com militantes de diversos lugares da América Latina que se uniram em um compromisso de dedicação aos estudos, a educação, um modo de vida agroecológico, cultura e a luta por uma Reforma Agrária Popular, no mesmo ano que a turma deu início começou a pandemia de covid-19. A pausa de dois anos onde os educandos voltaram para suas bases e ajudaram com a onda de solidariedade não prejudicou a formação, muito pelo contrário, ao voltarem em 2022 voltaram com a certeza de construírem um novo amanhã, uma vida com agroecologia e saúde para todas as pessoas. Morando, trabalhando e estudando na ELAA dentro do Assentamento Contestado a turma que era uma verdadeira união dos povos e movimentos da Via Campesina construíram seu legado como Turma Ubuntu Aroeira.

A graduação em Tecnologia em Agroecologia em uma instituição que realmente vive e apoia a agroecologia em todos os componentes da vida foi a primeira graduação de muitos dos formandos da turma, como é o caso de Alcione da Cruz Ferreira, companheira de anos que veio do acampamento Dom Tomás Balduíno em Formosa – Goiás, indicada por sua comunidade para o curso ela conseguiu vir e hoje é uma uma profissional formada “É uma conquista muito grande, infelizmente meus pais não puderam estar aqui porque é muito longe, né. A gente é Sem Terra, inclusive, eu só consegui me formar na vida como jovem pelo Movimento Sem Terra porque eu só vinha pra cá quando tiravam a passagem e eu vinha, porque se fosse pra mim pagar financeiramente, tanto a passagem quanto um curso desse, eu não estaria me formando hoje[…] Não é uma conquista só minha, individual, é da minha família, meu pai, minha mãe e também do nosso movimento[…]”
A formatura aconteceu no barracão de eventos na comunidade do assentamento, totalmente ornamentado pela turma e o coletivo de trabalhadores da escola, contando com convidados dos formandos, amigos e apoiadores da luta. A mística foi realizada pelos trabalhadores da brigada Chico Mendes, seguido pela cerimônia de colação de grau com o Instituto Federal do Paraná (IFPR). Dentre os convidados estavam a representantes da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), Itaipu Binacional, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Coordinadora Nacional de Organización de Mujeres Trabajadoras, Rurales e Indígenas-Paraguay (CONAMURI), Unión de Trabajadores de la Tierra-Argentina (UTT), Organización de Lucha por la Tierra-Paraguay (OLT), Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), a Pastoral da Juventude Rural (PJR), CULTIVA PARAGUAY, Coletivo de Convivências Agroecológicas (CCA), KAPI’XAWA e o coletivo Cultura do Beco.
O fim de um ciclo, começo de outro
Durante a cerimônia os educandos relembram momentos vividos no decorrer do curso, desde as comemorações e dias especiais até as pessoas que marcaram esse ciclo, sendo eles homenageados pela turma também, professores, amigos companheiros de luta, profissionais da escola entre outros.
Com muita emoção ressoavam o juramento da profissão que assumiram, e com nenhuma surpresa ressalta a luta por justiça social e uma vida que seja agroecológica em todos os seus quesitos. “[…] A agroecologia exige amor e afeto […] Agora a gente está indo para outros desafios para além da Escola Latina, agora vocês vão ser as sementeiras, os passarinhos serão vocês agora, vocês também serão aroeira porque também vão produzir frutos, frutos da coletividade de onde vieram, dos territórios para qual vão retornar, e não será fácil, a agroecologia também é resistência […] e ao pensarmos numa sintese a agroecologia e sobre humanidade” Vinicius Oliveira, coordenador pedagógico da ELAA, também homenageado e paraninfo da turma.


Mais do que um diploma, os formandos carregam agora a missão de multiplicar os conhecimentos adquiridos, fortalecer os laços entre os povos em luta e defender um modelo agrícola justo, sustentável e cooperativo, com respeito à natureza e à diversidade.
“Nos comprometemos enquanto turma a voltar aos nossos territórios, para fortalecer a luta pela terra, pelos povos e pela agroecologia, levando o conhecimento técnico com os princípios de Paulo freire para nossos diversos territórios, seremos aroeiras ajudando a semear novas florestas, seremos ubuntu unindo povos e repartindo a colheita, seremos sementes rebeldes da resistência.”


Ubuntu Aroeira
A junção de dois termos traduz a força simbólica da turma, UBUNTU vem de uma filosofia zulu e xhosa do sul do continente africano representa um ideal coletivo e interdependência entre os seres que constituem esse coletivo sendo popularmente traduzida como “Eu sou por que você é”.
A AROEIRA é uma planta natural de países da américa do sul, uma planta ancestral que resistiu a outras plantas invasoras e as mudanças climáticas, e também tem um grande poder de cura. A combinação de ambos os termos ressalta a força que a 5° turma de tecnologia em agroecologia traz, destacando sua ancestralidade e união como coletivo.

O grito de ordem que a turma criou em seu primeiro ano na ELAA ressoou em uníssono durante a formatura emocionando a eles e aos convidados que prestigiaram a conquista:
“Somos Ubuntu, somos Aroeira,
Sementes rebeldes da resistência,
Transformando vidas, no campo e na cidade,
Com Agroecologia e Ancestralidade!”



*Editado por Erica Vanzin