Reforma Agrária Popular

MST do Mato Grosso do Sul exige a Reforma Agrária Popular

Com ocupações e protestos, MST no MS resiste e segue exigindo assentamento para 2 mil famílias acampadas

Foto: Comunicação do MST em MS

Da Página do MST

O MST do Mato Grosso do Sul completa três dias de intensas lutas na ocupação da fazenda abandonada pela JBS há 12 anos; na ocupação da Superintendência do INCRA em Campo Grande; trancamento das rodovias federais BR-164 (que liga Ponta Porã ao Distrito de Itamaraty) e BR-060 (que liga Sidrolândia à capital Campo Grande), para reivindicar os direitos sociais, entre eles a reforma agrária que nunca saiu das belas palavras dos governos de turno e nunca saiu das gavetas dos gabinetes institucionais lustrosos.

A crença é que a luta popular é o que arranca as conquistas sociais. Assim, exigimos o assentamento imediato de mais de 2 mil famílias acampadas às margens das rodovias e melhores condições de infraestrutura para viver e trabalhar nas 52 áreas de assentamentos de reforma agrária que estão abandonados pelo Estado brasileiro. Queremos:

  • Terra;
  • Pequenas agroindústrias;
  • Escolas do campo;
  • Educação do campo com PRONERA;
  • Subsídios para a produção alimentar;
  • Investimentos em pequenas máquinas agrícolas;
  • Viveiros de árvores;
  • Fábricas de bioinsumos;

No Mato Grosso do Sul, apenas 30,3% dos estabelecimentos monopolizam 96,7% da área e 69,7% dos estabelecimentos detêm apenas 3,3% da área (IBGE, 2017). Os dados revelam a extrema concentração fundiária, produzida historicamente por privilégios, apropriação e posterior “legalização” de terras (indígenas, devolutas) por uma pequena elite oligárquica rural. Tal poder se revela na atual situação agrária no estado, onde, além da extrema concentração fundiária, persistem mais de 5 milhões de hectares de terra devoluta (Oliveira, 2008) que poderiam ser destinados para fins de reforma agrária e demarcação de terras indígenas e quilombolas.

Foto: Comunicação do MST em MS

O Mato Grosso do Sul produz soja e milho destinados à China e aos Estados Unidos, que representam 82,60% do valor bruto da produção. E aos Sem Terra, indígenas Guarani e Kaiowá, quilombolas e à população urbana das pequenas cidades, o que sobra? Sobra contaminação por agrotóxicos (o estado é campeão no uso de produtos químicos), sobre câncer, diabetes, pressão alta e desnutrição, devido à péssima alimentação oferecida nas prateleiras dos supermercados, repleta de alimentos ultraprocessados.

O modelo do agronegócio, apesar de alardeado como “motor da economia”, não promove soberania alimentar, não distribui riqueza e não garante vida digna no campo. Ao contrário, gera concentração de terra e renda, destruição ambiental, expulsão das populações tradicionais e campesinas, precarização do trabalho rural e intoxicação em massa. A “produção de riqueza” para exportação tem como contrapartida a produção de miséria, fome e doença para os povos do Mato Grosso do Sul. Assim, o agronegócio, com seu discurso de modernidade e progresso, na prática aprofunda as desigualdades históricas e condena a maioria da população à exclusão e vulnerabilidade.

Lutamos por reforma agrária popular para reduzir os preços dos alimentos saudáveis na mesa do povo brasileiro. Queremos combater o aquecimento global e ocupar terras para plantar árvores, para voltar a ter água nas torneiras de nossas casas e poder respirar ar limpo.

Lutamos para conquistar o direito ao TRABALHO. Queremos trabalhar na terra. Somos agricultores e agricultoras e sabemos como produzir alimentos livres de agrotóxicos para nos sustentar e sustentar a classe trabalhadora que mora ao nosso redor.

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST no MS