Noite cancioneira

Noite Cancioneira encanta público no Parque Água Branca 

A primeira noite cultural da 5ª Feira da Reforma Agrária teve shows de Almir Sater e Xangai

Por Flora Vilela/Equipe de texto da 5ª Feira
Da Página do MST

Violas pantaneiras lembraram as memórias da vida no campo e arrancaram lágrimas. Foto: Priscila Ramos

Ocupando com cultura camponesa o coração de São Paulo, a primeira noite da 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária foi intimista e de muita viola.

Nesta quinta-feira (8), os instrumentos de lutas e acordes foram as estrelas do palco, por meio de dois shows contagiantes, com Xangai e Almir Sater, que encantaram o público paulistano e os militantes que participaram da organização da feira, vindos de todos os cantos do Brasil.

A cantoria dos violeiros marcou história ao celebrar a maior feira camponesa do Brasil e abrindo a noite, o cantor, compositor e violeiro Xangai levantou o público com repentes de mestres sertanejos e grandes sucessos como Bolero de Isabel, Estampas Eucalol e Matança.

Suas músicas, que relembram a importância do modo de vida sertanejo, reforçam também as relações com o meio ambiente e a preservação. 

De nada vale tanto esforço do meu canto

Pra nosso espanto tanta mata haja vão matar

Tal Mata Atlântica e a próxima Amazônica

Arvoredos seculares impossível replantar”

(trecho de Matança, música de Xangai)

Filho e neto de sanfoneiro, o músico, nascido no sul da Bahia e criado em Nanuque, no norte de Minas Gerais, é velho amigo do MST, como relembrou Felinto Procópio, o Mineirinho, integrante do Setor de Cultura. 

“Xangai chegou em nossas vidas em 2000, naquele momento de opressão em que estavámos passando pelo julgamento do companheiro Zé Rainha… diante de tudo aquilo, Xangai fez um grande show de resistência que nos animou para a luta e nunca mais nos apartamos”, afirmou Mineirinho.

O público entoou todos os grandes sucessos pantaneiros de Xangai e Almir Sater. Foto: Priscila Ramos

O carinho é recíproco e esteve presente durante todo o show. Almir Sater, ao lado de cinco violas e uma banda que fechava os olhos ao afinar os instrumentos, garantiu a emoção do público que entoava todos os clássicos pantaneiros.

“Não dá nem para explicar a alegria de estar ao lado dos meus amigos. Viva a feira e o movimento Sem Terra, o movimento mais brasileiro desse país. Porque é o povo que planta, que cuida da terra e nos oferece alimentos”, afirmou Almir Sater. 

O violeiro trouxe para a feira ainda uma homenagem a Gilberto Gil, que estampava sua camiseta e encerrou seu show  ao som de Cantoria do Galo, lembrando a vida do pequeno agricultor no campo e os lutadores da terra no Brasil. 

Pé no solo, terreiro do galo

Na montanha, na mata, sertão

E é no solo do canto que falo, 

solo canto do seu coração”

(trecho da música Canto do Galo de Xangai)

A viola pantaneira de Almir Sater também veio ao Parque Água Branca para homenagear e celebrar a luta pela Reforma Agrária. Violeiro, cantor, ator e compositor, o mato-grossense carrega em sua música a sonoridade caipira da viola de 10 cordas e em sua apresentação, destacou o lado A do álbum ‘Do Amanhã Nada Sei’.

Tocando sucessos como D de Destino, Assim os dias passarão e Chalana o músico emocionou o público.

O auge da apresentação aconteceu com a música Tocando em Frente, legítima representante da musicalidade e poesia campesinas, que arrancou um bonito coro.

Penso que cumprir a vida seja simplesmente

Compreender a marcha ir tocando em frente

Como um velho boiadeiro

Levando a boiada eu vou tocando os dias

Pela longa estrada eu vou, estrada eu sou”

(Trecho da musica Tocando em Frente, de Almir Sater)

O violeiro também pontuou ainda sua admiração pela luta Sem Terra.

“Parabéns a vocês pela luta, pela força. Eu tenho um carinho imenso pelo MST, por todos vocês”, declarou Sater após a apresentação.

O encerramento da noite ficou por conta da canção Cabecinha no Ombro. 

“Encosta a sua cabecinha no meu ombro e chora

E conta logo suas mágoas todas para mim

Quem chora no meu ombro eu juro que não vai embora”

(Trecho da música Cabecinha no ombro – sugestão de olho)

* Editado por Mariana Castro