Internacionalismo

MST fomenta solidariedade entre países na 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária

Ato internacionalista reuniu representantes de Cuba, Palestina, República Árabe Saaraui Democrática e Venezuela, ressaltando a luta por liberdade e soberania

Foto: Mariane de Barros / @azulemari

Por Martina Medina/Equipe de texto da 5ª Feira da Reforma Agrária
Da Página do MST

Em Ato Internacionalista celebrado neste domingo (11), durante a 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) reforçou seu papel em fomentar a solidariedade entre países que enfrentam massacres impostos pelo imperialismo. Na Feira que acontece até às 21h30 deste domingo (11), no Parque da Água Branca, em São Paulo (SP), representantes de Cuba, Palestina, República Árabe Saaraui Democrática e Venezuela destacaram a trajetória de resistência em seus territórios contra opressões externas e reafirmaram a parceria com o MST na luta por soberania.

Rosana Fernandes, coordenadora da brigada do MST na Venezuela, está à frente do projeto Pátria Grande del Sur, que visa gerar produção agroecológica em 180 mil hectares na Venezuela, garantindo soberania alimentar no país onde 90% dos alimentos já chegaram a ter que ser importados devido à dependência econômica da indústria petroleira.

Ela ressaltou a necessidade de ações como essa para a construção do socialismo, garantindo uma vida digna a todos os povos do globo. “Alimentação saudável é um direito de todas e todos. E a solidariedade é um valor e uma estratégia para o MST”, afirmou. Rosana lembrou ainda que o movimento está presente na China e em Cuba através de brigadas formadas por militantes.

Foto: Mariane de Barros / @azulemari

A 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária é palco de uma ação do MST que visa arrecadar fundos até junho para enviar um contêiner de medicamentos para Cuba. Durante o evento, o Movimento anunciou também doações de alimentos a outros países. “Assim como recebemos solidariedade, a oferecemos. Isso é ternura entre os povos”, aponta Rosana.

Soraya Misleh, do Movimento de Solidariedade à Palestina, destacou a importância do MST durante a tradicional colheita de oliveiras na Cisjordânia, que tem sido alvo de ataques dos colonos em território palestino. Ela destacou a importância da solidariedade internacional no combate da principal arma usada pelo imperialismo estadunidense e sionista contra os palestinos: a fome.

Bombas, balas e drones têm sido usados para destruir e envenenar plantações e impedir que pescadores busquem alimentos para a suas famílias, denunciou. “São 67 anos de catástrofe palestina. Com cumplicidade internacional, incluindo uma grande mídia que desumaniza os palestinos”, afirmou. “Temos certeza de que não seremos eliminados do mapa com aliados como vocês”, afirmou, em referência ao MST.

Luta por independência e liberdade

“O que fizeram com Gaza, fizeram com Cuba lentamente”, observou o cônsul geral de Cuba, em São Paulo, Benigno Pérez Fernández, acrescentando não ser fácil “morar perto do imperialismo”. “Somos rebeldes, mas rebeldes com causa”, disse, ressaltando a importância da luta por liberdade na ilha caribenha.

Um dos sinais recentes da vitória da revolução cubana, citou Benigno, é o fato do ato do 1º de Maio ter reunido mais de 600 mil pessoas nas ruas de Havana contra os Estados Unidos e exigindo o fim do bloqueio econômico.

Foto: Mariane de Barros / @azulemari

Ahmed Mulay, representante da República Árabe Saaraui Democrática (Rasd), destacou a luta pela independência do seu território, que classifica como a “última colônia da África”. “Hoje, cerca de 150 mil soldados marroquinos nos oprimem, com armas francesas e drones israelenses. Mas quando o povo se levanta por liberdade não há quem o ganhe.”

Ele reafirmou a importância de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconheça o estado saaraui, como 84 países já fizeram. E ressaltou a irmandade com o MST: “Vocês são filhos da agricultura da terra, nós somos filhos das nuvens”, explicando que, como estão no deserto, é necessário buscar onde cairá a próxima chuva para dar de beber aos camelos e para a produção agrícola.

A Venezuela, onde o MST desenvolve ações de solidariedade por soberania alimentar há duas décadas, foi representada no ato pelo embaixador do país no Brasil, Manuel Vadell. “É um reforço nota 10. Nós aprendemos muito de vocês”, afirmou, em referência às partilhas do movimento sobre agroecologia e internacionalismo.

Ele lembrou como o apoio de países como Cuba e movimentos como o MST foram importantes para que uma das diretrizes da diplomacia venezuelana incluísse o trabalho com organizações populares.

Ao agradecer o MST pelo projeto Patria Grande, ele ressaltou que a assistência técnica do movimento brasileiro tem contribuído para que o país se aproxime cada vez mais da soberania alimentar. “Tentam matar o nosso povo de fome. Entendemos que deveríamos substituir importações e cultivar o nosso próprio alimento.”

Haiti presente

O Haiti não passou desapercebido. Empunhando uma bandeira do país, Messilene Gorete, da direção do setor de internacionalismo do MST, destacou a necessidade de construir solidariedade ao país diante do isolamento, fome e genocídio impostos pelos Estados Unidos. “É a primeira república livre dos povos escravizados, em 1804″, disse. “Hoje, ele resiste ao plano de nova intervenção militar e ao regime racista da vizinha República Dominicana.”

Messilene Gorete (à direita). Foto: Mariane de Barros / @azulemari

Messilene ressaltou ainda a revolução bolivariana, a luta pela independência saaraui e na Palestina como exemplos essenciais de resistência, alimentando a esperança de vitória do socialismo contra o imperialismo. “Cuba é essa fogueira acesa de inspiração. Somos o que somos hoje porque Cuba segue sendo base ideológica e material”, disse.

“No MST temos como patrimônio nossa militância, nossa base. Não doamos o que sobra, mas o que temos”, disse. Messilene ressaltou as contribuições do Movimento através do envio de militantes, ajuda humanitária e contribuição para romper o silêncio sobre os massacres em curso no mundo. “É o compromisso com o nosso povo Sem Terra. Globalizemos a luta, globalizemos a esperança.”

*Editado por Solange Engelmann