Três Dias de Luta

MST mobiliza sudeste do Pará em Jornada por Reforma Agrária

Protestos simultâneos em Parauapebas e Canaã dos Carajás pressionaram por assentamentos e melhorias; Reunião com ministro resultou em novos compromissos

Interdição da Mina do Cristalino em Canaã dos Carajás-PA. Foto: Setor de Comunicação

Por Setor de Comunicação do MST no Pará
Da Página do MST

Entre os dias 22 e 24 de maio de 2025, os acampamentos Terra e Liberdade, em Parauapebas, e Oziel Alves, em Canaã dos Carajás, protagonizaram uma intensa jornada de mobilizações simultâneas. O objetivo foi pressionar pelo cumprimento de acordos anteriores e pela efetivação da Reforma Agrária Popular no sudeste do Pará.

Na madrugada do dia 22, cerca de 6 mil trabalhadores e trabalhadoras do acampamento Terra e Liberdade e da Associação Rural Terra Prometida ocuparam um trecho da Estrada de Ferro Carajás, operada pela Vale. A ação visava exigir do Incra e do governo federal medidas concretas para a regularização fundiária e melhorias estruturais para as famílias acampadas.

“A ocupação da ferrovia foi uma resposta à omissão diante de acordos que já foram firmados. Não estamos pedindo favores, estamos exigindo que o Estado cumpra o que prometeu ao povo que trabalha e produz”, afirmou Viviane Brígida, da Direção Estadual do MST no Pará.

Ocupação da Estrada de Ferro Carajás/Parauapebas-PA. Foto: Setor de Comunicação

Simultaneamente, o acampamento Oziel Alves bloqueou os acessos à Mina do Cristalino, também da Vale, com as mesmas exigências: terras, direitos e dignidade para as famílias acampadas da região.

As mobilizações tiveram como pauta central:

  1. Destinação de terras públicas para criação de assentamentos;
  2. Liberação de recursos para quintais produtivos;
  3. Construção de uma escola de Ensino Médio no Assentamento Palmares II;
  4. Formalização de Acordo de Cooperação Técnica entre a Vale e o Incra para o fortalecimento dos assentamentos.

Essas reivindicações retomam compromissos assumidos em dezembro de 2024, mas ainda não efetivados – o que motivou a retomada da luta.

As mobilizações resultaram em novas rodadas de diálogo em Brasília, onde os representantes do MST foram recebidos por Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário, César Aldrighi, presidente do Incra Nacional, e representantes do Governo Federal e da Vale.

Foto: MST/Divulgação

Após mais de 6 horas de reunião, os compromissos firmados foram a revalidação dos acordos de 2024 e encaminhamentos para as pautas de 2025.

“Voltamos de Brasília com compromissos firmados e prazos colocados. A luta mostrou mais uma vez que só com mobilização o povo é ouvido. Não vamos aceitar retrocessos”, declarou Jorge Neri, da Direção Estadual do MST no Pará.

Neste sentido, depois de três dias de mobilização, as famílias retornaram aos seus acampamentos, reafirmando o compromisso com a terra, com a produção de alimentos saudáveis e com a construção de um Brasil mais justo para o povo do campo.

Para Elma Figueira, dirigente estadual de comunicação do MST no PA, o resultado de todo trabalho valeu o esforço coletivo. “Depois de intensos três dias de luta, já estamos no nosso acampamento. Foi produtivo todo nosso esforço, e agora é aguardar nossos acordos firmados em Brasília”, concluiu Elma.

E neste domingo (31/05), às 16h, haverá uma grande Assembleia no acampamento Terra e Liberdade, onde serão repassados aos acampados todos os acordos firmados em Brasília e os próximos passos a serem tomados.

*Editado por Fernanda Alcântara