Esporte e Luta
Articulação Nacional de Esportes se torna nova frente de luta do MST
A Frente garante o acompanhamento de atletas da Reforma Agrária e fortalece vínculos entre os territórios

Por Coletivo de esportes do MST-PR
Da Página do MST
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) segue ampliando suas frentes de atuação e anuncia com força uma nova trincheira de luta: o esporte. A criação da Articulação Nacional de Esportes vem preencher uma lacuna histórica dentro do Movimento, garantindo que jovens atletas oriundos de assentamentos e acampamentos possam desenvolver suas trajetórias esportivas sem romper os vínculos com suas comunidades e com a luta coletiva.
Durante muitos anos, talentos promissores surgiram nos campos da Reforma Agrária, mas muitos acabaram saindo de seus territórios , e até do país, sem acompanhamento ou apoio necessário, já que não existia, até então, uma estrutura voltada ao esporte dentro do MST. A partir de agora, com a Articulação Nacional e os coletivos estaduais organizados, esse cenário está mudando.
Um exemplo marcante dessa nova fase é o caso de Danielzinho, jovem atleta de apenas 18 anos revelado na Escolinha Vitória, localizada no sertão de Pernambuco. A escolinha, formada inteiramente por filhos e filhas de assentados, é coordenada pelo professor Ronaldo, e se destaca como uma experiência concreta de formação esportiva popular no campo.


Danielzinho é fruto direto desse trabalho de base: filho de assentado, trabalhador da terra e verdadeiro talento da bola, ele inicia agora uma nova etapa da sua jornada ao ingressar nas categorias de base do time de Cianorte, no Paraná. Sua chegada ao estado não foi marcada por grandes estruturas ou apoios institucionais. Muito pelo contrário: foi graças ao esforço coletivo da comunidade, da família e ao empenho do professor Ronaldo que o transporte até o Paraná pôde ser viabilizado.
No Paraná, ele foi acolhido pelo coletivo de esportes do MST, que tem se estruturado desde a organização da primeira Copa da Reforma Agrária. Tanaka, integrante do coletivo desde aquela ocasião, foi quem recebeu Danielzinho no aeroporto e o acompanhou até a nova cidade. O que começou como uma mobilização para realizar uma copa se transformou numa estrutura permanente de apoio e acompanhamento aos atletas em transição, um exemplo concreto da força da organização popular.
Com essa nova frente, o MST assegura que atletas como Danielzinho não sejam apenas mais um número nas estatísticas do futebol. Eles são parte de um projeto maior de transformação social, que entende o esporte como ferramenta de emancipação, pertencimento e resistência.
E se há uma certeza que acompanha cada passo dessa caminhada, é que onde houver um boné do MST, há confiança. Não como símbolo vazio, mas como sinal concreto de reconhecimento mútuo, de luta comum e de que ninguém caminha só.
Assim, a Articulação Nacional de Esportes mostra que é possível sonhar com um futuro promissor no esporte sem romper com a terra, com a base e com os princípios que nos unem. Danielzinho carrega consigo mais do que talento, carrega a história e a esperança de um povo que, também nos campos de futebol, segue lutando por justiça e dignidade.
O compromisso do Coletivo de Esportes e da Articulação Nacional de Esportes é acompanhar de perto jovens como o Danielzinho, para que não se frustrem no caminho, abandonando o estudo, o trabalho ou a luta. Mas nem por isso devemos deixar de sonhar e de nos aventurar. A luta e o sonho caminham juntos, e são conquistados justamente a partir de um sonho e de um caminhar coletivo.
*Editado por Solange Engelmann