Pressão

MST ocupa sede do Incra em Fortaleza e intensifica a luta pela reforma agrária

Ocupação no Ceará busca pressionar o governo a cumprir promessas e assegurar direito à terra

Ocupação compõe mobilização nacional da Semana Camponesa. Foto: Aline Oliveira/MST Ceará.

Por Aline Oliveira
Da Página do MST

Na manhã desta terça-feira (22), cerca de 500 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Fortaleza, capital do Ceará. A ação integra a Semana Camponesa, realizada nas cinco regiões do país, em alusão ao Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural, celebrado em 25 de julho.

Pedro Braga, do Assentamento Juá em Santa Quitéria (CE), destaca a importância da mobilização e da pressão ao governo. “Viemos até aqui para reivindicar nossos direitos e cobrar do governo federal incentivos que nos permitam continuar produzindo. Sem apoio ao campo, a produção fica comprometida e a situação das famílias piora ainda mais”, reivindica.

Apesar das expectativas em relação ao governo Lula, o orçamento destinado à desapropriação de terras é ainda insuficiente, segundo nota da Associação Brasileira de Reforma Agrária. De acordo com a ABRA, “no orçamento deste ano, o governo dispõe de apenas 406 milhões para aquisição e desapropriações de terras”, valor que não atende às demandas do movimento, deixando milhares de famílias em condições precárias em acampamentos.

Já o agronegócio receberá cerca de 516 bilhões de reais em incentivos fiscais no Plano Safra 2025/2026, cifra que evidencia a desigualdade na distribuição de recursos públicos entre o capital concentrado do campo e os trabalhadores rurais.

Para Gene Santos, da Direção Nacional do MST Ceará, “o aumento do orçamento para programas de fomento à produção de alimentos, habitação rural, mecanização agrícola e educação do campo, para garantir condições dignas para nossas famílias das áreas de reforma agrária”. “A luta por terra, crédito para produção, assistência técnica, educação do campo, políticas públicas que fortaleçam a agricultura familiar e preservem o meio ambiente é fundamental”, explica.

Santos considera a reforma agrária popular um caminho indispensável para a soberania alimentar e a justiça social no país. “A agricultura familiar é fundamental para produzir alimentos de forma sustentável, preservar o meio ambiente e manter a população no campo”, analisa.

MST faz pressão em governo federal para avançar na Reforma Agrária e barrar retrocessos ambientais. Foto: Aline Oliveira/MST Ceará.

Semana Camponesa

A Semana Camponesa é uma jornada do MST, que tem como objetivo cobrar do governo federal medidas concretas para destravar a Reforma Agrária, como a atualização dos índices de produtividade, o assentamento das famílias acampadas, a recomposição orçamentária dos programas de apoio à agricultura familiar e a revogação de medidas que facilitam a mineração e a grilagem de terras em áreas da Reforma Agrária.

As mobilizações ocorrem em todo o país, e visam ainda denunciar as recentes políticas do Congresso Nacional, que autorizou ações policiais violentas contra ocupações rurais. 

Leia mais: MST divulga Carta à sociedade brasileira em defesa da Reforma Agrária Popular e da Soberania Nacional

*Editado por Pamela Oliveira.