Marco histórico: Regional Agreste Meridional do MST em Pernambuco realiza retomada da luta pela terra na região, primeira ocupação depois de pouco mais de uma década.
Por Mariane de Barros
da Págino do MST
Na madrugada deste sábado, 26 de julho, a Regional Agreste Meridional de Pernambuco
despertou com um novo capítulo da história sendo escrito pelas mãos calejadas da
esperança. Famílias do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra
(MST) ocuparam a Fazenda Melancia, situada entre os municípios de Caetés e Venturosa
— território fértil não apenas em solo, mas em memória e simbolismo, entretanto
atualmente improdutivo.

Com cerca de 435 hectares, a terra escolhida carrega em si a força de um retorno às
origens: está situada nas proximidades do berço onde nasceu Luiz Inácio Lula da Silva,
filho do Agreste e atual Presidente da República. Por isso, o acampamento ganhou nome:
nasceu ali a “Terra de Lula”, como quem finca raízes em homenagem a uma luta ancestral
pelo direito a terra e território como rege a legislação da Reforma Agrária.
Além disso, a ocupação aconteceu de forma completamente pacífica e livre de qualquer tipo
de violência. Ao amanhecer do sábado, as proprietárias da Fazenda se encaminharam para
o território ocupado e entraram em um diálogo com a coordenação estadual que se fazia
presente para estabelecer possíveis negociações para que nenhum conflito acontecesse.
Desde então, o povo Sem Terra segue acampado esperando por uma futura reunião que
acontecerá em breve para que a negociação aconteça de uma forma tranquila e dentro do
que é previsto pela lei.

Este é um marco histórico para o povo Sem Terra que luta neste território, visto que só
depois de 14 anos conseguiram avançar na luta pela Reforma Agrária Popular por diversos
fatores que impediram a luta de seguir. Agora, rompendo as cercas de um latifúndio, cerca
de 100 famílias se levantaram para reivindicar o que lhes é de direito: terra, moradia e
dignidade.
A ocupação integra a Jornada de Lutas da Semana Camponesa, que ecoa o lema: “Para
o Brasil alimentar, Reforma Agrária Popular!” — um chamado à consciência nacional para
que a terra cumpra sua função social e se transforme em lar, soberania nacional, sustento e
futuro.
Mais do que um ato político, a ocupação é um gesto de amor à terra, de reexistência e de
semeadura. É a certeza de que, com coragem, o campo pode florescer em liberdade, em
produção coletiva e em vida digna. É o povo Sem Terra dizendo: a terra é de quem a faz
brotar.