Luta Feminista

Basta de violência contra as mulheres! Pelo fim do patriarcado e das violências de gênero!

Uma das maiores chagas que temos vivido é a naturalização das violações contra mulheres e meninas, que tem se mostrado como a faceta mais cruel do patriarcado

Foto: Arquivo MST

Da Página do MST

A cada dia, morrem cerca de 140 mulheres assassinadas em alguma parte do mundo, em sua maioria vítimas de seus parceiros ou membros da família, revela o último Anuário da Mulheres sobre o assassinato de mulheres e meninas no mundo, realizadeo pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Já o Brasil tem a quinta maior taxa de feminicídio do planeta. O número chega a cerca de 5 mulheres a cada 100 mil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O feminicídio é o assassinato de mulheres motivados por questão de gênero, muitas vezes provocado pela percepção da mulher como posse do companheiro.

Feminicídio, estupro, adultização de crianças, agressões contra mulheres e meninas, violência psicológica, perseguições, multilações, cárcere privado, coerções. Todos os dias nos chocamos com uma avalanche de violações que parecem não ter fim. E pior, apesar de importantes políticas de proteção às mulheres, como a Lei Maria da Pena, a sociedade e o Estado têm sido falhos em prevenir e extinguir essa tragédia, que nos mata cotidianamente.

Infelizmente, a cada ano a escalada dessas violações têm aumentado. Um levantamento do Instituto Fogo Cruzado realizado em 57 municípios indica que pelo menos 29 mulheres foram vítimas de feminicídio ou tentativa de feminicídio praticado com arma de fogo em 2025, até a 1ª quinzena de agosto. Na comparação com o mesmo período de 2024, houve crescimento de 45%. Desse total de vítimas, 22 mulheres não sobreviveram. O principal lugar onde aconteceram os crimes foi o ambiente doméstico, o que indica que não há nenhum lugar seguro para as mulheres, considerando que das 29 vítimas, 15 foram atingidas dentro de casa. Vidas ceifadas e criando a cicatriz de traumas familiares para uma vida inteira.

E quando tais crimes são realizados em via pública, em sua maioria, nem sequer vemos pessoas se mobilizando em apoio à vítima. Outros ainda tentam justificar as violências e mortes, julgando o que teriam feito essas mulheres e meninas para merecerem tal feito, ao invés de questionar que tipo de sociedade temos construído ao naturalizar tamanha monstruosidade.

Quanto a violência sexual, nosso país tristemente também tem batido recorde e registra um estupro a cada seis minutos, de acordo com o último levantamento do do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Foram 83.988 vítimas e uma taxa de cerca de 42 vítimas a cada 100 mil mulheres. O que expressa um um crescimento anual de 6,5%. Outros crimes com taxas em alta são: importunação sexual (48,7%), assédio sexual (28,5%) e divulgação de cena de estupro, sexo e pornografia (47,8%).

Cerca de 60% das vítimas de estupro no Brasil são menores de 13 anos, muitas abusadas dentro de suas próprias casas, muitas vezes por parentes ou conhecidos próximos. Isso revela não apenas a falência das políticas de proteção à infância, mas também a normalização da violência sexual contra meninas, tratada como “problema privado” ao invés de crime hediondo. Os dados sobre estupro no Brasil são mais do que números, são histórias de dor, violência e impunidade, que escancaram a brutalidade de uma sociedade desigual, machista e misógina.

Os territórios do camponeses não estão fora disso, pois estamos dentro dessa sociedade. Por este motivo, é urgente que possamos romper com a cultura do silêncio – a subnotificação de casos é gigantesca, mascarando ainda mais esta revoltante realidade. Além disso, muitas vítimas não denunciam por medo, vergonha ou descrença de que a justiça seja feita.

Que possamos cobrar incansavelmente os direitos fundamentais dessas mulheres e meninas que estão sendo violadas incessantemente, que podemos cobrar políticas públicas e sua efetivação contra essas violências, que possamos educar nossa sociedade para mudar essa estrutura patriarcal e nos emancipar dessa chaga profunda. Reconhecendo a urgência e chamando essa responsabilidade para si, e para com toda a sociedade, onde possamos fazer esse debate e criar redes de informação e apoio dentro das escolas, assentamentos e acampamentos, refletindo sobre como o respeito às crianças e mulheres é condição fundamental para a construção de um país e mundo justos e igualitários, e que assim seja também nos territórios da Reforma Agrária Popular. Sigamos combatendo todos os tipos de violência, cuidando da terra e dos territórios.

Lutaremos! Por nossos corpos e territórios, nenhuma a menos!