Desafios
Conferência debate os desafios da luta pela terra em Alagoas durante Feira da Reforma Agrária
O momento de debate reafirmou o papel da defesa dos territórios para o desenvolvimento social e econômico do estado

Por Marcely Vieira / Comunicação da Feira
Da Página do MST
Realizado no pátio central da conhecida praça da Faculdade, no bairro do Prado, a Feira do MST, em Maceió (AL), recebeu na manhã desta sexta-feira (5), a conferência “Luta pela terra e território em Alagoas”, com a presença do professor do Instituto Federal de Alagoas (IFAL), Fabiano Duarte, a representante quilombola do município de Carneiros, Kelly Damasceno e da coordenadora nacional do MST, Débora Nunes.
O debate percorreu elementos que aprofundaram as reflexões sobre os desafios da luta pela Reforma Agrária no estado, reunindo visitantes e feirantes na manhã do terceiro dia de Feira.
Kelly Damasceno, mulher negra e quilombola, participante do Coletivo Cultural de Saias, Luta e de Desenvolvimento, ressaltou a importância da regulamentação do acesso a terras para as comunidades quilombolas.

“A titulação de terras para as comunidades quilombolas é fundamental para nossa sobrevivência e trabalho, então, a autonomia sobre os nossos territórios é crucial”, explicou.
Ela ainda ressaltou as dificuldades para se ter acesso a essas terras destacando a falta de recursos financeiros e de políticas públicas destinados pelos governos, além dos conflitos e interesses econômicos nas regiões que por muitas vezes implica o avanço do reconhecimento desses territórios.
Já o professor Fabiano Duarte, seguiu o debate ressaltando a historicidade da questão agrária brasileira, que desde seu início foi marcada por explorações violentas contra os/as trabalhadores/as, além dos tipos e exemplos de Reforma Agrária já realizadas no mundo.

Comentando sobre o precurso da luta pela terras no Brasil desde a chegada dos europeus, em busca de riquezas, com o roubo de territórios de maneira agressiva, o professor apontou a continuidade dessas lutas até os dias atuais: “a Reforma Agrária é uma questão decisiva para a Soberania Nacional e por isso precisa ser entendida como debate central para a nossa sociedade”, comentou.
Para a assentada e coordenadora do MST, Débora Nunes, a Feira da Reforma Agrária por si só apresenta a luta histórica do Movimento Sem Terra, sua importância e o papel da luta contra a concentração de terra.

Temos uma realidade com pouca gente com terra e muita gente Sem Terra. E, ainda assim, somos enganados pelo discurso hegemônico de que o agronegócio faz bem para a população”, explicou.
Nunes deu o exemplo dos problemas estruturais que são vivenciados pela população, em Maceió. “Desde os anos de 1960 aconteceu um êxodo rural forçado, e um exemplo é na capital alagoana, Maceió, que tem mais da metade de seu território rural, mas com uma ocupação de menos 5%”, apontou.
A dirigente ressalta a necessidade da democratização da terra e investimentos públicos para o avanço da Reforma Agrária. “Para avançar nessas necessidades para o desenvolvimento dos nossos territórios a terra é fundamental, mas precisamos também de políticas públicas que assegurem esse avanço, diferente do agronegócio que é um parasita que suga o Estado brasileiro”, finalizou.
O debate integrou a agenda de programação da 24ª Feira da Reforma Agrária, que ocorre até o próximo sábado (6), na capital de Alagoas.
*Editado por Solange Engelmann