Arte e Poesia
Celebrando Mario Benedetti: Um Legado de Amor e Luta
Uma homenagem ao legado de Mario Benedetti, que transformou palavras em resistência e amor

Por Setor de Internacionalismo do MST
Da Página do MST
Em Paso de los Toros, Uruguai, em 14 de setembro de 1920, nascia Mario Benedetti. Há 105 anos o mundo ganhava um cronista do cotidiano, um tecelão de afetos e um lutador incansável que transformou a palavra em abraço solidário e em arma de libertação. Perdemos sua companhia física em 2009, mas Benedetti não é apenas saudade. É presença constante na memória afetiva de um povo.
Benedetti foi poeta, romancista, dramaturgo e jornalista. Revelou a dignidade silenciosa dos humildes, a burocracia kafkiana do escritório, os amores e as despedidas. É autor de uma obra monumental como “A Trégua” e do poema que se tornou hino de resistência, “Te Quiero”. Sua escrita não era para ser observada de longe; era para ser vivida, recitada em coro, rabiscada em cadernos e transformada em canção pelas vozes de Daniel Viglietti e Joan Manuel Serrat. Sua literatura é um ato de fé no poder das pessoas comuns.
Sofreu diretamente o golpe do imperialismo em sua terra. Com a instalação da ditadura civil-militar no Uruguai, em 1973, iniciou um longo exílio de doze anos que o levou à Argentina, ao Peru, à Cuba e à Espanha. Esta foi uma tentativa covarde do poder de calar sua voz e cortar seus laços com o povo uruguaio. Mas falharam. O exílio, longe de isolá-lo, radicalizou seu compromisso e amplificou sua voz, tornando-o um símbolo da resistência cultural latino-americana contra as ditaduras.
Forjou seu caráter revolucionário na certeza de que a cultura é um campo de batalha. Benedetti nunca separou sua escrita de sua militância. Foi um intelectual orgânico, profundamente envolvido com a Frente Ampla, que acreditava que a transformação social passava tanto pela tomada do poder quanto pela conquista dos corações. Escreveu: “Quando penso em mim / me envergonho / mas quando penso nos outros / me acalmo”. Essa solidariedade, esse colocar-se sempre ao lado dos outros, sintetiza seu engajamento político e social.
Portanto, hoje não é um dia apenas para lembrar seu nascimento. É dia de reabrir seus livros e encontrar neles a coragem da ternura. É relembrar que a utopia, como ele ensinava, se constrói com gestos concretos de amor e rebeldia. É encontrar em seus versos o combustível para seguir lutando, cantando e amando, porque a luta, no fundo, também é um gesto de amor.
Benedetti presente!
*Editado por Fernanda Alcântara