2ª Feira da Reforma Agrária ocupa o Recife antigo com alimentos saudáveis e programação cultural

Por Vanessa Gonzaga
Da Página do MST

No coração do Recife, o Movimento Sem Terra ocupa a Rua do Bom Jesus com alimentos saudáveis, cultura, debates e um outro projeto de país, durante a segunda edição da Feira da Reforma Agrária. O evento acontece até sábado (20), com a participação de famílias acampadas e assentadas de todas as regiões de Pernambuco que comercializam mais de mil variedades de produtos, entre alimentos in natura, processados em agroindústrias, artesanato e vários outros. 

São cerca de 100 toneladas de alimentos produzidos por mais de 160 feirantes organizados em mais de 20 associações e 5 cooperativas ligadas ao Movimento distribuídas em todo o estado.

É um momento de troca de conhecimento, de produção e de experiência, além do lançamento dos novos produtos da Reforma Agrária, como nosso cuscuz, vinho, linguiça e tudo que a gente faz nas nossas áreas de Reforma Agrária. É a nossa produção e a cara do MST que está na Feira da Reforma Agrária”, explica Cida Pereira, dirigente nacional do MST em Pernambuco. 

Até o momento, mais de 10 mil pessoas já passaram pela feira e a expectativa do MST é chegar ao número 20 mil pessoas entre compradores, educandos de oficinas e público do Festival.

A sociedade, além de consumir os produtos, vêm para Feira também como forma de estreitar os laços com a população do campo. É o caso de Bernadete Feitosa, que veio de Olinda para participar da Feira e se considera uma consumidora assídua da agricultura familiar.

“Eu vim aqui para rever os amigos [do MST] e ver os produtos da agricultura familiar, que são muito bons. Comprei manteiga, massa de mandioca, muda de caju pra plantar na minha casa e muitas frutas pra levar pra casa. Quando tem qualquer coisa do MST na cidade, eu tô lá!”, afirma a servidora pública. 

Além dos alimentos, a 2ª Feira Estadual da Reforma Agrária tem também a Culinária da Terra, uma praça de alimentação com seis cozinhas do MST que vendem pratos típicos do sertão, agreste, e litoral do estado; um setor de artesanato com a produção de mulheres artesãs e camisas, bonés e produtos com a logo do MST e também o Festival por Terra, Arte e Pão, que traz para o palco da feira artistas populares como De Cara com o Samba, Malícia Champion, Forró na Caixa, Fred 04, Vannick Belchior e muitos outros.

“A Feira é uma forma de prestar contas para a sociedade”

Jaqueline Gomes, mais conhecida como Kelly, veio de Aliança, na Zona da Mata Norte do estado, para participar da Feira. A grande variedade de frutas e legumes comercializadas por ela foram produzidos nos acampamentos Rede Grande e Devaneio, este último que terá o título das terras entregues às famílias para oficialmente se tornar um assentamento nesse sábado (20), durante uma cerimônia com o MDA.

A gente vem pra feira trazendo banana, graviola, goiaba, laranja, jerimum, cará, chuchu… Então a gente tem uma diversidade de produtos da Reforma Agrária que vem do trabalho das associações. O acampamento Devaneio tem uma associação com mais de 60 famílias que funciona há dois anos e que vem evoluindo bastante”, explica Kelly.

A escolha de ocupar o centro do Recife é explicada pelo também dirigente nacional do MST, em Pernambuco Jaime Amorim: “Nos surpreendemos com a quantidade e variedade de alimentos que os assentados e as assentadas trouxeram para vender. São dias de muita comercialização da nossa produção, mas também de muito debate. É muito importante estar aqui no centro do Recife porque a política também acontece aqui e a Feira é uma forma de prestar contas para a sociedade desses 40 anos de luta que fizemos”, finaliza.

A 2ª Feira da Reforma Agrária acontece até esse sábado (20), com programação totalmente gratuita e aberta ao público na Rua do Bom Jesus, no Recife Antigo. Para o sábado, a programação conta com oficinas, a Cerimônia com o MDA, de entrega de títulos de posse e crédito de assentamentos da Reforma Agrária para famílias Sem Terra pernambucanas e shows de Barro convida Uana, Forró na Caixa e Vannick Belchior.

*Editado por Solange Engelmann