Comida de Verdade
MDA e INCRA ampliam investimentos na Reforma Agrária durante Feira em Pernambuco
Além das entregas de assentamentos e de crédito, o Governo Federal anunciou parceria com o Banco do Brasil e novo curso do Pronera

Por Lucila Bezerra
Da Página do MST
Neste último dia da 2ª Feira Estadual da Reforma Agrária de Pernambuco, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) realizaram entregas de assentamentos, de crédito fundiário e de instalação, a celebração da segunda fase do Projeto Jandaíras e a entrega dos kits de apoio às feiras livres. Além das entregas programadas, foi anunciada a retomada da parceria do Governo com o Banco do Brasil para o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o lançamento do curso de Medicina, através do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), em uma parceria inédita entre o INCRA e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
No evento foram assinadas as portarias de criação do Assentamento José Félix, em Goiana; do Assentamento Devaneio, em Primavera; do Assentamento Gideone Sifrônio, em Aliança; e do Assentamento Manuel Mattos, em Itambé. Em seguida, houve a entrega do contrato simbólico do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), de R$ 8,5 milhões, para obtenção de terras destinadas à criação do Assentamento Ameixas, em Cumaru, e do Assentamento Açucena, em Jataúba. Também foram entregues os contratos de crédito de instalação do Assentamento Che Guevara, em Moreno, e do Assentamento Marcos Antônio dos Santos, em São Lourenço da Mata. Serão mais de R$ 5,3 milhões destinados a beneficiar 467 famílias no desenvolvimento e na consolidação dos assentamentos.
Representando o INCRA, Maíra Diniz, da Diretoria de Obtenção de Terras, destacou a prioridade do Governo Federal em relação à Reforma Agrária:
Essa feira no meio da cidade simboliza a importância da agricultura familiar e da reforma agrária, para mostrar que esse país só é soberano se a gente produzir o nosso alimento e se ele consegue alimentar o seu povo. Nós sabemos aqui, enquanto Governo Federal, que quem alimenta o povo são vocês, trabalhadores e trabalhadoras rurais. Por isso, o compromisso do presidente Lula sempre será valorizar os trabalhadores e as trabalhadoras rurais.

Essa prioridade para a Reforma Agrária também foi destacada pela deputada estadual Rosa Amorim, que é militante do MST e defende a pauta na Assembleia Legislativa de Pernambuco:
“O nosso agradecimento hoje também é ao nosso presidente Lula, o presidente que mais fez pela luta da terra e que mais fez pela reforma agrária nesse país. Mas nós ainda precisamos avançar. Mais de 16 mil famílias acampadas aguardam a tão sonhada Reforma Agrária em Pernambuco. Essas famílias clamam para que o Estado brasileiro olhe por elas e para que possamos garantir a Reforma Agrária a quem deseja produzir alimentos saudáveis com vida digna. Paz no campo tem nome e se chama Reforma Agrária”, disse a parlamentar.
O evento também marcou a entrega de 11 kits de apoio às feiras que compõem o circuito Nordeste de Feiras da Agricultura Familiar, entregues à cooperativa do Assentamento Normandia, de Caruaru. Cada kit é composto por uma barraca, uma balança, um carrinho para transporte de caixas, uma mesa dobrável e um jaleco, oferecendo aos agricultores melhores condições de comercialização dos seus produtos nas feiras.
A secretária-executiva do MDA, Fernanda Machiaveli, destacou a importância da agricultura familiar para o combate à fome e para a preservação do meio ambiente:
“Enquanto o agronegócio é aquela monotonia da produção, apenas cinco culturas, aqui quando você vê a Reforma Agrária, você vê mais de 400 tipos de alimento que são comprados pelo PAA (Programa de Aquisição de Alimentos). Isso é preservação da biodiversidade, e a gente precisa ter reconhecimento disso”.
Para Jaime Amorim, dirigente nacional do MST, as feiras são uma parte fundamental da luta do movimento:
“As pessoas acham que a feira é só vender e comprar, mas é muito mais que isso. É uma relação nossa direta com a população, trazendo um produto saudável das nossas áreas para comercializar e fazer essa troca que a gente está tendo aqui no Recife. Isso aqui é a nossa resposta de tantas lutas, de tanta resistência, de 40 anos. O que nós estamos trazendo aqui é o resultado de toda a luta que fizemos durante tanto tempo”, disse o dirigente.
Além disso, Jaime destacou o peso da produção da agricultura familiar para a economia pernambucana:
“Diziam que Pernambuco não podia ficar sem o PIB da cana. Hoje, o PIB da cana desapareceu e nós temos o PIB da agricultura camponesa, da agricultura familiar, da produção de alimentos. Alguns diziam que o Sertão não podia viver sem as grandes empresas produtoras de frutas para exportação. Pode dispensar. Nós produzimos mais do que qualquer empresa que produz para exportação, porque nós produzimos variedade. Ninguém consegue produzir a quantidade que nós produzimos, muitas vezes até sem crédito para poder produzir. Então aqui é o resultado desse processo”, apontou.

O evento contou com a presença do superintendente regional do INCRA, Givaldo Cavalcanti; do superintendente do INCRA no Submédio São Francisco, José Cláudio da Silva; do secretário de Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Pecuária e Pesca de Pernambuco, Flávio Xavier; do superintendente do MDA, Caetano de Carli Viana; do superintendente do Banco do Nordeste, Hugo Queiroz; do superintendente do Banco do Brasil, Tiago Bandeira; do secretário de Habitação da Prefeitura do Recife, Felipe Cury; do vereador de Caruaru, Edilson do MST; da representante do núcleo Juremas do projeto Jandaíras e professora da UFRPE, Laetícia Jalil; e de acampados e assentados da Reforma Agrária.
*Editado por Leonardo Correia