“O Samba da Minha Terra"

Inimigos do Batente e MST homenageiam Graça Braga e Roberta Oliveira no Espaço Cultural Elza Soares em SP

No sábado (4), a série “O Samba da Minha Terra” celebra a tradição das reuniões de samba com conversa e comida. E reverencia o protagonismo das mulheres. A entrada é gratuita

Card: Divulgação

Da Página do MST

São Paulo (SP) – Na série “O Samba da Minha Terra”, uma parceria entre o MST e a roda de samba dos Inimigos do Batente, os cultores do samba são convidados a se reunir num grande almoço festivo em homenagem a personalidades destacadas na produção e difusão do gênero.

Na edição de outubro, a série homenageia duas vozes poderosas do samba de São Paulo: Graça Braga e Roberta Oliveira em um encontro que traz no cardápio, comida brasileira das melhores tradições e procedências; boa conversa sobre os temas candentes no universo da produção cultural popular e a roda de samba dos Inimigos do Batente, com um repertório que faz um passeio pela produção musical do gênero. 

O evento ocorre neste sábado (4), no Espaço Cultural Elza Soares, na capital paulista, com entrada é gratuita. 

Mari Tavares, da coordenação do Espaço Cultural Elza Soares, é a parceira dos Inimigos do Batente na realização das homenagens aos sambistas. “Chegamos à quarta edição bastante animados com a maneira que os encontros têm acontecido! As mulheres sempre foram centrais na cultura do samba, mas por muito tempo não foram tratadas como as protagonistas que, de fato, são. Muita coisa já mudou, mas ainda tem muito trabalho a ser feito! Estamos muito felizes em receber duas referências no samba paulista para essas reuniões que têm sido, a cada edição, muito emocionantes”, destacou Mari, que também é musicista e produtora. 

“A labuta do sambista e da sambista é árdua. Manter um projeto de samba de pé exige muito trabalho e, na maioria das vezes, tirando do próprio bolso. É preciso jogar luz sobre quem abriu caminho, celebrar, contar essas histórias. O Samba da Minha Terra quer trazer essa memória de diversas gerações de sambistas que revivem e fortalecem essa chama ancestral e das mulheres que são parte fundamental para o gênero. A Roberta Oliveira e a Graça Braga fazem história há muito tempo. São duas vozes poderosas reunidas em um espaço de lutas, celebração e agradecimento”, afirma Railídia, fundadora e integrante dos Inimigos do Batente.

Roberta Oliveira. Foto: Divulgação

Samba militante 

“O Samba da Minha Terra” dá continuidade a uma parceria iniciada no Dia Nacional do Samba de 2024 que se comemora no dia 2 de dezembro. Na ocasião, os Inimigos do Batente realizaram a comemoração no Espaço Cultural Elza Soares, juntamente com os 25 anos de trajetória da roda, completados no ano passado. 

“O Espaço Cultural Elza Soares tem muita afinidade com o samba e, de outro lado, a roda dos Inimigos do Batente sempre esteve em sintonia com as lutas populares. O Samba da Minha Terra celebra essa parceria e se apresenta como uma opção cultural para o público de São Paulo e promove a reflexão sobre as lutas e desafios dos trabalhadores e trabalhadoras do samba”, pontuou Fernando Szegeri, fundador e integrante dos Inimigos do Batente, anfitriões da série.

O Samba da Minha Terra realizou três edições homenageando a cantora Fabiana Cozza e o compositor Toninho Nascimento (maio), Didú Nogueira e os 25 anos de saudades de João Nogueira (junho) e a roda de samba Berço do Samba de São Mateus (setembro). “Foram momentos em que compartilhamos uma grande mesa comum simbólica. Tem sido um acontecimento de samba onde todos os músicos sentam, comem, conversam e fazem um tipo de esquenta para a roda de samba dos Inimigos do Batente, um grupo que há 26 anos faz roda na cidade de São Paulo”, completou Mari Tavares. 

Das homenagens e homenageadas

Graça Braga. Foto: Divulgação

Graça Braga é uma das mais importantes cantoras do samba paulistano. A voz poderosa é a marca registrada da intérprete que traz no repertório compositores clássicos do samba como Candeia e Martinho da Vila e valoriza a nova geração de compositores.

Figura central em redutos de valorização do gênero e formação de novos autores, Graça, que também passou a compor, marcou presença nas rodas da Comunidade Samba da Vela assim como na roda Berço do Samba de São Mateus. A discografia da cantora traz os seguintes álbuns e singles: Aprenda a viver (2021) – Single com quarteto Pizindim e os álbuns solos, O Samba de Martinho da Vila (2020), Dia de Graça – O samba de Candeia (2011) e Eu Sou Brasil (2009). 

Roberta Oliveira. Foto: Divulgação

Roberta Oliveira é cantora e compositora campineira, que reside em São Paulo há mais de duas décadas. Com um histórico de lutas sociais em prol da educação e da juventude, Roberta Oliveira usa seu canto e articulação como ferramenta política e de denúncia, evidenciando em seu repertório temas como racismo, religiosidade afro-brasileira, entre outros.

Em sua trajetória, a cantora participou de diversos coletivos e projetos de samba, entre eles o Grêmio Kolombolo Diá Piratininga. Desde 2013, comanda a roda de samba Samburbano, que acontece no último sábado do mês no Largo da Santa Cecília. Em 2010, formou o grupo Bando de Lá e, em 2020, lançou seu primeiro EP, intitulado “Roberta Oliveira & O Bando de Lá”. Em 2024, a cantora lançou o álbum Peji – O Altar sagrado do samba com composições de Capri, Adilson Bispo, Guiga De Ogum, Douglas Germano e Chico Saraiva. Roberta também assina duas músicas neste novo álbum. 

Sobre o Espaço Elza Soares 

O Espaço Cultural Elza Soares é um espaço cultural de caráter independente, educativo, multiplicador, de produção e difusão cultural. Oferece uma ampla gama de atividades, nas mais variadas linguagens artísticas, como teatro, cinema e audiovisual, música, culinária, artes visuais, esportes e diversas práticas integrativas de bem-estar. Possui também uma ampla programação de culinária intitulada “Culinária da Terra”, com pratos típicos regionais que trazem para o concreto o debate sobre alimentação saudável e a comida como direito humano fundamental. Além disso, o Espaço já abrigou feiras de livros que promovem a literatura periférica e regional, oficinas de artes visuais que incentivam a criatividade e expressão artística, e diversas atividades que reforçam o protagonismo das comunidades do campo e das periferias, viabilizando a circulação da cultura material e não material desses agentes culturais. 

Inimigos do Batente 

Fundada pelos músicos Railídia (voz), Fernando Szegeri (voz) e Paulinho Timor (percussão), a roda de samba dos Inimigos do Batente comemorou 25 anos em 2024, 20 dos quais realizando apresentações regulares no bar Ó do Borogodó, um dos mais representativos redutos do samba e choro em São Paulo.

A formação atual dos Inimigos do Batente é um pouquinho de Brasil, de periferia, de diversidade de ofícios que convergem na paixão pelo samba e pela roda de samba. São equilibristas entre o viver de música e a realidade que bate à porta. São Inimigos do Batente a paraense Railídia, jornalista e cantora; Fernando Szegeri, escritor e cantor; Paulinho Timor, produtor e percussionista; Hélio Guadalupe, carioca, funcionário público e cavaquinista; Luiz Tiobi, sete cordas, de família de músicos do interior de São Paulo; Dil Bandeco, metalúrgico e pandeirista; Koka Pereira, produtor, educador musical e percussionista.

Nesse quarto de século, a roda recebeu sambistas de diversas gerações e procedências como Wilson Moreira, Monarco, Xangô da Mangueira, Beth Carvalho, Nei Lopes, Wilson das Neves, Moacyr Luz, Tia Surica, Noca da Portela, Dona Inah, Carlão do Peruche, Fabiana Cozza, entre tantos outros. Também se apresentaram em espetáculos ao lado de monstros sagrados como Paulo Vanzolini, Leci Brandão e Alaíde Costa, bem como das legendárias Velhas Guardas do Camisa Verde-e-Branco (madrinha do grupo) e da Portela. 

Serviço

O Samba da Minha Terra: Espaço Cultural Elza Soares (MST) e Inimigos do Batente homenageiam Graça Braga e Roberta Oliveira 
Dia: 4 de outubro de 2025 – sábado.
Horário: Das 13h00 às 18h00. 
Local: Espaço Cultural Elza Soares – Alameda Eduardo Prado, 474 – Campos Elíseos. Entrada: gratuita. Almoço e bebidas vendidas no local.