Direitos Humanos
Entidades de direitos humanos visitam assentamento Quintino Lira após novas denúncias de violência no Pará

Por Carlinhos Luz
Da Página do MST
Na manhã desta sexta-feira (17), após diversas denúncias das famílias sobre violências cometidas contra o território, integrantes da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) e da Universidade Popular, entidade executora do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas do Pará (PPDDH), visitaram o assentamento Quintino Lira, no município de Santa Luzia do Pará. Participaram da visita os advogados Nildon Deleon e Jesus Gonçalves, e a psicóloga Jerusa Lopes.
Após anos de acampamento, o Projeto de Assentamento (PA) Quintino Lira foi oficialmente criado em junho de 2024. Mesmo assim, as famílias denunciam que continuam sendo alvo de ataques criminosos por parte da família do pastor Josué Bengtson. Apesar disso, seguem mobilizadas e exigindo o cumprimento da reintegração de posse da antiga Fazenda Cambará, para poderem viver e produzir em paz. Já são 16 anos de resistência e defesa do território.


O advogado Nildon Deleon, da SDDH, afirma que o caso da Fazenda Cambará é acompanhado pela entidade desde o início e que as denúncias das famílias são graves:
“A terra foi comprovadamente reconhecida pela Justiça como grilada. Viemos acompanhar e atualizar as famílias sobre a tramitação dos processos e avaliamos que é preciso garantir mais celeridade. Um desses processos é o assassinato de José Walmeristo, liderança do território, ocorrido em setembro de 2010, cujo acusado de ser o mandante é Marcos Bengtson, que até hoje segue em liberdade”, afirmou Nildon.
O advogado Jesus Gonçalves, do PPDDH, ressaltou que há pessoas do território inseridas no Programa de Proteção, mas as ameaças continuam crescendo: “Hoje, duas pessoas estão sob proteção devido às ameaças que sofrem na luta pela terra. Essas ameaças têm se intensificado para criminalizar e intimidar as lideranças, mas as medidas de segurança aplicadas pelo Estado ainda não são suficientes para garantir sua integridade”, destacou.
Para Nailce Verônica, assentada no Quintino Lira e integrante da Direção Estadual do MST, a criação do assentamento ainda não foi efetivada na prática, e as ações criminosas persistem:
“O fazendeiro continua no território com seu gado, destruindo as roças, e pistoleiros seguem ameaçando as famílias. Exigimos que a desapropriação da área seja concluída com urgência e que a Justiça leve Marcos Bengtson, mandante do assassinato de José Walmeristo, ao banco dos réus para que seja condenado por esse crime contra uma de nossas lideranças”, defendeu Verônica.
Como resultado da visita, as entidades decidiram acionar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para garantir o cumprimento das liminares de reintegração de posse e encaminhar ofícios à Secretaria de Segurança Pública do Estado (Segup/PA), solicitando que os casos de ameaças e intimidações sejam devidamente investigados e que medidas efetivas sejam adotadas para proteger as famílias e lideranças do assentamento.
As famílias reafirmaram que continuarão mobilizadas até a efetiva desapropriação da área e o atendimento integral de suas reivindicações.