Nota de Pesar

Clara Charf, Presente!

MST se despede de uma das maiores militantes socialistas da história do Brasil

Foto: Isaac Giribert

Da Página do MST

A manhã desta segunda-feira (3) iniciou-se com a triste notícia do falecimento de Clara Charf. Clara, que havia recentemente completado 100 anos no último dia 17 de julho, parte deixando um legado de luta e resistência, que forjou os valores hoje presentes nas lutas populares. O MST se despede de uma amiga, aliada e companheira nas nossas principais trincheiras.

Filha de pais migrantes judeus, fugidos do racismo europeu, se criou em Alagoas. Desde muito jovem foi filiada ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Quando passou a residir no Rio de Janeiro, conheceu o então deputado, Carlos Marighella, seu companheiro de vida. Quando o partido foi cassado, em 1947, Clara não abandonou as tarefas partidárias. Em São Paulo, contribuiu na organização das mulheres e na construção de escolas. Deste período, até 1957, Clara e Marighella viveram na clandestinidade.

Com o Golpe Militar, em 1964, ambos voltaram a ser perseguidos pelos militares. Com a resistência por meio da luta armada, Marighella sofreu uma emboscada e foi assassinado pela ditadura em 4 de novembro de 1969. Clara teve que se exilar em Cuba.

Regressou ao Brasil em 1979 e ajudou a organizar o Partido dos Trabalhadores (PT). Organizou o coletivo de mulheres. E foi reconhecida como uma das 500 mulheres mais importantes do século XX.

A trajetória de vida de Clara se confunde com sua militância. Foi uma mulher que jamais abandonou o povo e se dedicou integralmente à luta pelo socialismo. Sempre otimista e de uma generosidade e humanismo inigualáveis, nos deixou um legado de valores que todos os militantes devemos nos orientar.

Nós, do MST, nos despedimos desta que foi uma professora para toda nossa militância. Com Clara aprendemos a alimentar a força para a construção de uma nova sociedade.

Clara Charf, presente!