Cúpula dos Povos

“A solução vem dos povos!”, apontam Sem Terra frente à COP30

Entre os próximos dias 12 a 16, cerca de 1,3 mil militantes do MST se reúnem com lideranças, movimentos e organizações populares de todo o mundo na Cúpula dos Povos e COP30, em Belém, no Pará

Foto: Ernesto Soares

Da Página do MST

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) irá se reunir com uma delegação de 1,3 mil pessoas, em conjunto aos movimentos populares e organizações sociais do Brasil e de todo o mundo durante a Cúpula dos Povos, na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, no Pará. Atividade acontece entre os dias 12 a 16 de novembro; em evento autônomo e independente, com programação paralela á 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30).

O principal objetivo da COP é reunir lideranças e chefes de estado para definir medidas necessárias com objetivo de limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5ºC até o final deste século; em continuidade à implementação do que foi negociado nas COPs anteriores. Também chamada Conferência das Partes, o evento acontece, oficialmente, entre os dias 10 e 21 de novembro, com a previsão de reunir 50 mil pessoas em Belém, Pará.

Os líderes dos países participantes também se encontram em Belém, na Cúpula de Chefes de Estado da COP30, que ocorre antes da programação oficial, entre 6 e 7 de novembro. Ao todo, está confirmada a participação de 143 delegações dos 198 países signatários dos tratados internacionais que tratam do tema, e juntos irão sinalizar compromissos políticos sobre a gestão global da questão ambiental e climática.

Em paralelo à COP, também acontece a Cúpula dos Povos, organizada de forma autônoma por movimentos e organizações populares, com o objetivo de pressionar e convencer o governo brasileiro a liderar a proposição de metas mais ambiciosas para a redução da temperatura global, indo além das soluções consideradas falhas e insuficientes, propostas pelos líderes e corporações que participam da Cúpula do Clima e da Conferência do Clima.

A expectativa da Cúpula dos Povos é reunir cerca de 15 mil pessoas durante os cinco dias de evento, incluindo líderes de coletivos de mulheres, indígenas, camponeses, quilombolas, negros, juventude, LGBTQIAPN+, ambientalistas, sindicalistas e movimentos de defesa dos direitos humanos, com o objetivo de incidir na pauta ambiental, desde a base social, onde as soluções já estão sendo realizadas.

Desde 2023, o coletivo organizador da Cúpula cumpre uma agenda de incidência que já resultou na adesão de cerca de 1.100 entidades, incluindo mais de 100 organizações internacionais. A edição em Belém conta com uma intensa programação que inclui plenárias, marcha global pelas ruas da capital paraense simultânea à outras marchas pelo mundo, caravanas políticas, espaço das infâncias, barqueada entre as comunidades da região, banquetaço, apresentações culturais e uma feira popular.

Os causadores da crise são incapazes de criar as soluções

Apesar de entidades e movimentos populares também integrarem parte dos debates inseridos na programação oficial da COP30, existem divergências da perspectiva das organizações populares alinhadas à Cúpula Social acerca dos rumos que vêm sendo tomados por líderes de países tomadores de decisão da Conferência do Clima. Uma vez que, líderes de estado aliados à grandes corporações têm se omitido ou apresentado soluções absolutamente ineficazes para sairmos da rota da tragédia climática que podem resultar na destruição do planeta.

Neste sentido, Ayala Ferreira, da direção nacional do MST, aponta para a necessidade de denunciar as falsas soluções apontadas pelo capitalismo verde, e indica caminhos para resoluções concretas vindas dos povos e territórios, considerando que não há condições dos líderes da COP30 apontarem saídas reais para o meio ambiente e a população. Devido a uma conjuntura onde as grandes corporações aliadas aos governos participantes dessas propostas são os causadores da atual crise em que vivemos.

“Temos reforçado que a solução vem dos territórios, daqueles que lidam com o campo, as florestas e as águas desde os seus modos de vida. Por isso, para além de termos credenciais para atuarmos no setor dos acessos oficiais da COP30, construímos a Cúpula dos Povos como esse espaço plural de escuta e proposições, apontando para soluções verdadeiras, necessárias e urgentes frente à crise climática, como a Reforma Agrária Popular e as amplas iniciativas de reflorestamento, recuperação de nascentes e produção de alimentos saudáveis”, destaca a dirigente.

Os movimentos populares esperam que a pressão da sociedade organizada promova um marco de participação popular e motive o governo a adotar medidas mais ousadas, considerando que o Brasil tem um papel crucial de liderar propostas mais eficazes para engajar um compromisso mais radical dos países com a natureza e a questão ambiental, uma vez que além de ser o país-sede do evento, ocupa atualmente a presidência da COP30, sendo a nação detentora de uma das maiores biodiversidades do mundo.

*Editado por Solange Engelmann