Intervenção artística do MST denuncia o ‘mercado da natureza’ em ponto turístico da sede da COP30
Na feira Ver-o-Peso, movimento alertou para o impacto de grandes empresas aos povos da Amazônia

Por Brasil de Fato
Em meio à onda de protestos e intervenções que acontecem em paralelo à Cúpula do Clima, encontro de líderes mundiais e chefes de estado que antecedeu a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém (PA), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou, na manhã desta sexta-feira (7), a feira do Ver-o-Peso, espaço turístico da capital paraense, com a distribuição de material informativo e encenações teatrais focadas na crise climática e impactos de grandes projetos aos povos da Amazônia.
Sob o tema Mercadão da Natureza: o Agro, os Bancos e a Vale, a intervenção criada coletivamente pela Brigada Nacional Carlos Marighella chamou atenção de quem passava pela maior feira a céu aberto da América Latina, que foi transformada em palco de denúncia, expondo como essas três forças lucram com a destruição da Amazônia e a mercantilização da vida.

Na esteira das discussões sobre o clima, a ação simulou o leilão da vida de povos e comunidades tradicionais, das florestas e águas da Amazônia, com cartões de “Vale destruição” e cédulas de dinheiro estampadas com o rosto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: “O único verde que importa é o verde do dinheiro!”.
Lançando mão da expressão artística, o MST aponta que a estratégia é dialogar com a sociedade por meio das mais diversas linguagens e o ato faz parte da mobilização rumo à Cúpula dos Povos, espaço autônomo e popular paralelo à COP30, onde a sociedade civil deve propor e debater soluções reais e coletivas para a crise climática e ambiental, durante os dias 12 e 16 de novembro.

“A classe trabalhadora tem o acesso à arte negado pelo sistema capitalista, então usar da arte como instrumento de politização é, ao mesmo tempo, apresentar uma dimensão cultural para a sociedade criar condições de disputar espaços de narrativa. Por isso, a arte para nós é uma possibilidade de enfrentamento, de a partir das nossas vivências, fazer denúncias e anunciar para a sociedade caminhos possíveis”, comenta Fernanda Farias, que compõe a Brigada Nacional Carlos Marighella.
O movimento tem alertado ainda para a incoerência do espaço Agrizone, que durante a COP30 estará localizado dentro da Embrapa com o objetivo de evidenciar projetos do agronegócio como saídas para o enfrentamento à crise climática, o que, por si só, joga luz ao fato de que a Conferência tende a converter-se em um grande balcão de negócios, no qual os ativos serão os territórios, comunidades e a natureza.
Editado por: Maria Teresa Cruz



