Aniversário de 40 Anos
Feira da Reforma Agrária reúne 25 mil pessoas no Espírito Santo
Além de promover a comercialização de mais de 30 toneladas de produtos, o evento contou com atividades nas áreas de saúde, educação e cultura

Da Página do MST
Em sua quarta edição, a Feira Estadual da Reforma Agrária do Espírito Santo bateu recordes de participação e comercialização. Cerca de 25 mil pessoas compareceram ao espaço instalado na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), entre os dias 7 e 9 de novembro, quando foram comercializadas mais de 30 toneladas de produtos, junto a uma programação com atividades ligadas à agroecologia, cultura, saúde, educação e outros temas. Com o lema “40 anos de lutas, resistências e vitórias”, a atividade celebrou as quatro décadas de atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Estado.
“Entendemos que esse evento foi uma grande prestação de contas para a sociedade e as instituições de tudo que construímos ao longo desses 40 anos: apresentando nossa produção de alimentos saudáveis nos nossos territórios conquistados; apresentando nosso processo de educação da pedagogia do Movimento, das nossas escolas, dos nossos assentamentos e acampamentos e todas a nossa produção artística e cultural”, afirma Eliandra Fernandes, da direção nacional do MST.
Ao todo, durante a Feira participaram cerca de 110 expositores, com mais de 1.500 tipos de produtos trazidos para a Região Metropolitana, oriundos principalmente, dos assentamentos, acampamentos, cooperativas e associações que são frutos da Reforma Agrária no Espírito Santo. Além disso, também foram expostos produtos de outros estados do Sudeste, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, assim como de movimentos sociais e comerciantes aliados da luta pela Reforma Agrária.
Como a solidariedade é um princípio da organização do MST, foram doadas cerca de 3 toneladas de alimentos para a Ocupação Chico Prego, o Cursinho Popular Risoflora e Ocupação Vila Esperança, buscando fortalecer também as lutas dos territórios urbanos e agradecer ao apoio recebido dos movimentos da cidade.
Cultura, saúde e educação são parte da Reforma Agrária Popular

Além da comercialização de produtos da Reforma Agrária, o evento contou com atos políticos e um debate sobre a Reforma Agrária Popular. Além de um Espaço de Saúde popular, oferecendo gratuitamente atendimento e terapias – como aferimento de pressão, chás, óleos essenciais, plantas medicinais, massagem e ventosas – para organizadores e visitantes da feira; refletindo a construção da saúde popular praticada nos assentamentos e acampamentos do MST.
Também houve um espaço com mostra da Pedagogia do MST, em que educadores dialogaram com o público visitante e mostraram trabalhos realizados nas escolas agrícolas em diversos municípios do Espírito Santo. O Viveiro da Reforma Agrária também trouxe para a capital capixaba mudas e sementes de plantas medicinais e ornamentais, de árvores e produtos alimentícios que são cultivados e reproduzidos nos assentamentos e acampamentos.
No âmbito cultural, cerca de 150 artistas participaram das atividades que incluíram música, teatro, fotografia e outras linguagens. O Festival do MST: Por Terra, Arte e Pão, que aconteceu dentro da 4ª Feira, trouxe atrações consagradas da cena cultural capixaba como Casaca, Macucos, Fábio Carvalho, Regional da Nair, bloco Maluco Beleza e grupos ligados a outros grupos do campo, como o Chapéu de Palha e o Jongo da Educação do Campo, além da batalha de rima Brota, que reuniu rappers versando sobre as lutas do campo e da cidade.
Outro espaço marcante durante o evento foi a exposição fotográfica “MST no ES: 40 Anos de Lutas, Resistências e Vitórias”, que contou com a curadoria de Sergio Cardoso e Zanete Dadalto (ArCo Arte em Comunicação). A exposição reuniu 40 fotografias que revelam o cotidiano, as conquistas e os afetos que moldaram o Movimento no Espírito Santo. As imagens, feitas por curadores, fotógrafos convidados e assentados do próprio MST no ES, formando uma narrativa plural que atravessa tempos e territórios: das primeiras ocupações e acampamentos, às cooperativas e escolas do campo, passando pelas práticas agroecológicas, pela força das mulheres, pelo protagonismo das crianças Sem Terrinha e gestos de cuidado com a terra, a vida e a justiça social.
Quarenta anos de lutas
Marcando os 40 anos do MST no Espírito Santo, foram realizadas também homenagens a apoiadores importantes ao longo das décadas, além dos mártires da luta pela terra no estado. Eliandra Fernandes destaca que a atividade proporcionou o encontro de diversas gerações de trabalhadores e trabalhadoras rurais e urbanos.
“Conseguimos reunir militantes históricos dos mais importantes movimentos sociais do Espírito Santo, lideranças do Movimento sindical, movimentos populares, movimentos religiosos, movimentos partidários, dos direitos humanos, universitários, organizações da juventude, que se somaram não apenas como participantes da festa, mas como integrantes do processo organizativo antes e durante o evento”, diz a dirigente do MST.
Para Eliandra, o diálogo com a sociedade feito durante a 4ª Feira foi fundamental para debater a importância da Reforma Agrária Popular e reafirmar os compromissos do MST não apenas com a luta pela terra, mas também pela transformação social. “Só assim os povos da terra, das florestas, das águas e do meio urbano poderão ter uma vida digna. Não é uma luta só do MST, mas de toda a sociedade”, conclui.
No MST do Espírito Santo, existem atualmente 65 assentamentos do MST em 25 municípios. Há ainda 11 acampamentos produtivos com 1.200 famílias, que lutam pela conquista da terra por meio da criação de novos assentamentos.
Confira abaixo mais fotos da festa:
*Editado por Fernanda Alcântara























