Auxílio às vítimas

Após tornado no PR, MST amplia ações de solidariedade a desabrigados

Estado registrou sete mortos e 830 feridos, incluindo assentados da Reforma Agrária

Foto: Marcos Bueno/MST PR

Do Brasil de Fato | São Paulo

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ampliou as ações em solidariedade aos atingidos pelo tornado em Rio Bonito do Iguaçu e Guarapuava (PR), com mais 500 militantes. Além da distribuição de marmitas diariamente, os militantes trabalham na limpeza de ruas e na reforma e construção de casas de famílias afetadas.

O tornado que devastou cidades do centro-sul do Paraná afetou diretamente 14,6 mil pessoas, deixou pelo menos seis mortos, 800 feridos e mais de mil desabrigados e desalojados, segundo a Defesa Civil. Os fortes ventos derrubaram casas e deixaram um rastro de destruição. O tornado alcançou ventos de até 250 km/h e destruiu 90% das construções de Rio Bonito do Iguaçu, cidade mais afetada. 

O fenômeno também atingiu cerca de 350 famílias acampadas e assentadas do movimento. No assentamento Nova Geração, em Guarapuava, José Geremias, de 53 anos, faleceu e outras duas pessoas ficaram feridas devido à força dos ventos. O desastre também destruiu completamente quatro casas e provocou estragos em outras moradias, galpões e maquinários agrícolas.

As comunidades do MST atingidas em Rio Bonito do Iguaçu foram os acampamentos Herdeiros da Terra de 1º de Maio e Antônio Conrado, e os assentamentos Ireno Alves e Marcos Freire. No município de Porto Barreiro (PR), o acampamento Porto Pinheiro também foi atingido.

Bruna Zimpel, da direção nacional do MST no Paraná, afirma que a solidariedade é um princípio de luta do movimento. “Serão longos dias de muitos processos, de muito trabalho, mas estamos aqui colocando toda a nossa solidariedade, toda a nossa energia nesse processo de acolhimento e também de reconstrução”, diz.

Eliane Foz, assentada e coordenadora da Associação de Mulheres do assentamento 8 de Julho, em Laranjeiras do Sul (PR), afirma que o MST está organizando o funcionamento de três cozinhas solidárias. Foz destaca que a doação de alimentos precisa ser mantida para dar continuidade à produção das marmitas. 

“Nesse momento difícil nós do MST unimos nossas forças, com o auxílio dos outros assentamentos e acampamentos no Paraná e companheiros do Rio Grande do Sul, que estão ajudando também. Estamos servindo marmitas ao meio-dia e à noite. Também fornecendo alimentação para alguns assentamentos atingidos”, conta.

O assentado Sérgio Reis Marques, da direção estadual do MST do Rio Grande do Sul, explica a importância da cozinha solidária nesse momento para as famílias atingidas e o papel da solidariedade para o MST. 

“Essa cozinha tem como objetivo, num primeiro momento, criar condição mínima para que as pessoas consigam se alimentar até começar a se reestruturar. Não há nada que acolha melhor que o alimento, produzido com amor, com responsabilidade. Acalenta o coração. E esse alimento é produzido por famílias do MST, um movimento solidário, que acredita que todo o ser humano tem o direito de se alimentar três vezes por dia com alimentação saudável, limpa, produzida com amor”, afirma.

No total, o MST já enviou cerca de 26 toneladas de alimentos, entre arroz orgânico, feijão, batata e suco natural, além de grandes panelas para as cozinhas solidárias. Entre as doações, estão cerca de 3 toneladas de alimentos trazidos pela brigada de apoio de comunidades do MST do Rio Grande do Sul, 15 toneladas doadas por famílias de assentamentos e acampamentos da região Norte do estado e 8 toneladas de doações de famílias sem-terra da região sul do Paraná. 

Editado por: Maria Teresa Cruz