Cúpula dos Povos
Rádio Nacional dos Povos transmite Vozes da Terra em meio à Cúpula dos Povos
Com a participação de mais de 1.100 organizações, o evento destacou a importância da comunicação popular e da luta por justiça social e territorial

Por Carlinhos Luz
Da Página do MST
A Rádio Nacional dos Povos (RNP), construção coletiva de uma aliança entre comunicadores indígenas e quilombolas da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e da CONAQ (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas), comunicou para o mundo tudo o que acontecia durante as atividades da Cúpula dos Povos que reuniu mais de 1.100 organizações na Universidade Federal do Pará, entre os dias 12 e 16 de novembro de 2025.
Em parceria inédita da RNP com o MST, a programação contou com o programa “Vozes da Terra”, organizado pelo Coletivo de Comunicação Popular “Ulisses Manaças”, e foi terreno de fala e enfrentamento. Os movimentos que utilizaram os microfones da rádio e do Vozes da Terra deixaram claro o que está em jogo: para a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), é a defesa dos povos originários e de seus territórios contra toda forma de violência diante do marco temporal; para a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), é o enfrentamento ao racismo estrutural e a luta pela titulação dos quilombos; para o MST, é a defesa da Reforma Agrária Popular e Soberania Alimentar; para o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), é a resistência contra a mineração predatória e defesa dos territórios que sofrem as consequências deste projeto de morte; e para a Tela Firme, movimento de jovens do bairro da Terra Firme, periferia de Belém, é a construção de ferramentas de comunicação popular para não deixar ninguém calar a voz da comunidade e lutar por melhorias das condições de vida.
Temas como demarcação e titulação de terras, educação como direito, o perigo da destruição minerária, proteção aos territórios, como enfrentar a crise climática e comunicação popular como ferramenta de disputa foram intensamente debatidos durante a programação. O Vozes da Terra trouxe as vozes que falam com a firmeza de quem pisa o território, organiza base, enfrenta violações e constrói soluções reais para o país.

Para Letícia Leite, jornalista e membro da coordenação geral da RNP, a parceria com o MST foi muito importante e trouxe muitas experiências dos territórios do movimento na luta através do exercício da comunicação popular. “A RNP busca fortalecer o ecossistema da comunicação indígena e quilombola para a preservação e defesa destes territórios. A parceria com o MST foi importante para sabermos como o movimento chega em seus territórios e comunica suas emergências através do rádio, fazendo boas escutas e boas conversas, e esperamos que esta parceria continue sendo fortalecida para as novas ações”, afirma.
Ricardo Cabano, da Direção Estadual e do Setor de Comunicação do movimento, ressalta que a parceria é inédita e o programa Vozes da Terra é construído coletivamente e exerce papel fundamental da luta do movimento. “Já tivemos várias experiências de rádios comunitárias do MST no estado do Pará e estamos na luta para retomar nossa frente de rádios. O Vozes da Terra foi o programa que falou sobre as pautas do MST e a nossa proposta para o campo através da prática da Agroecologia e o enfrentamento contra a crise climática, mas também trouxe outras vozes que lutam por seus territórios e pela democratização da comunicação como forma de fortalecer as lutas dos movimentos sociais do campo e da cidade. Esperamos que a parceria com a RNP siga firme e fortaleça ainda mais a articulação do movimento com outras organizações que fazem a luta através da comunicação popular”, declara.
O Vozes da Terra, através do microfone e da resistência, se somou às lutas e debates que foram organizados durante a Cúpula dos Povos e reafirmou que sem povos indígenas, quilombolas, assentados, atingidos e comunicadores populares, não há futuro possível e que a palavra deve ser firme, com luta coletiva e o compromisso é com vida, território e justiça.
*Editado por Fernanda Alcântara



