MST em Sergipe realiza encontro histórico durante a Jornada de Solidariedade à Palestina

Por Díjna Torres | MST em Sergipe
Da Página do MST

A Jornada de Solidariedade à Palestina chegou a Sergipe pela primeira vez em 2025, reunindo estudantes, pesquisadores, artistas e movimentos populares em uma programação que conecta debates acadêmicos, manifestações culturais e atos de solidariedade internacional. Organizada pelo Comitê Sergipano de Solidariedade à Palestina, a Jornada teve início no dia 14 de novembro e segue até 24 de novembro. Desde 2019, o Centro Internacional de Estudos Árabes e Islâmicos (CEAI/UFS) tem aprofundado o diálogo entre Brasil e Palestina, integrando cursos de Relações Internacionais, Jornalismo, Letras, História e Sociologia. A Jornada amplia esse movimento, fortalecendo pontes que unem lutas, culturas e experiências de resistência.

No dia 17 de novembro, o Assentamento Moacyr Wanderlei, Quissamã, no município de Nossa Senhora do Socorro, recebeu o encontro “Olhares Cruzados: conversas sobre Estado, violência e formas de resistência entre Sergipe e Palestina”. A atividade reuniu militantes do MST, pesquisadores palestinos, delegações estudantis da UFS, representantes de movimentos sociais, além de autoridades como o reitor da UFS, André Maurício, o deputado federal João Daniel (PT), e os vereadores de Aracaju Camilo (PT) e Sônia Meire (PSOL).

O momento foi marcado por intensa troca de experiências, escuta ativa e fortalecimento dos laços entre povos que enfrentam processos de violência, expropriação e resistência cotidiana. A direção estadual do MST Sergipe participou ativamente das discussões, reforçando o compromisso do Movimento com a solidariedade internacional e com a defesa dos direitos humanos.

Troca de olhares, unidade na luta

Para Rosa Oliveira, da Direção Estadual do MST Sergipe, a presença da delegação palestina emocionou a militância e abriu caminho para um diálogo profundo. “A comitiva palestina está muito emocionada por essa receptividade. Eles querem muito ouvir também, assim como nos relataram como está o processo na Palestina hoje, do ponto de vista de quem vivencia essa violência. Agora querem entender como nós, movimentos sociais, estudantes e professores, vemos a Palestina daqui. Essa troca de olhares tem como horizonte a unificação da luta e o fortalecimento da solidariedade. Dar visibilidade a quem vivencia esse genocídio é construir laços para uma sociedade mais digna e humana”, ressaltou.

Gil Cláudio, também da Direção Estadual do MST, destacou a força simbólica e política do encontro. “Enxergamos esse momento como muito importante para Sergipe. Fizemos uma grande mística e notamos a emoção do grupo com a recepção em nossa casa. Foi uma troca de experiências muito rica e um grande aprendizado para nossa militância, ao compartilharmos como resistimos em nossos territórios e como organizamos nossa produção, educação e formação”, afirmou.

A voz da Palestina em Sergipe

Entre os convidados internacionais, o professor e pesquisador Basil Farraj, da Universidade de Birzeit, ressaltou a importância da solidariedade recebida.“É um prazer estar aqui no MST em Sergipe e receber a solidariedade do povo brasileiro. A acolhida dos movimentos sociais nos emocionou muito. Esperamos ver a Palestina livre, e que no Brasil os camponeses conquistem seus direitos”, disse.

A pesquisadora e arquiteta palestina Suzan Abdaljawwad destacou a identificação entre os povos. “Desde o aeroporto senti semelhança com o povo brasileiro. No Nordeste, o acolhimento foi ainda maior. Me senti em casa. Trocamos experiências sobre nossas lutas e encontramos muitas semelhanças. Precisamos estreitar laços e colaborar mais, pois somos todos afetados pelo colonialismo e compartilhamos linhas de intersecção”, pontuou.

Compromisso político e internacionalista

Participante ativo da Jornada, o deputado federal João Daniel (PT) reafirmou seu compromisso histórico com a causa palestina e com as lutas internacionais. “Foi uma honra participar da Jornada. O MST sempre teve brigada internacional de apoio e seguimos na luta pelo respeito ao povo palestino, pelo fim das agressões e torturas financiadas por grandes potências e executadas pelo governo genocida de Israel. Este é o tema mais importante da história da humanidade no momento. Temos uma obrigação moral de nos indignar com qualquer injustiça. Nosso mandato seguirá contribuindo e apoiando esta causa nobre.”

O encontro “Olhares Cruzados” reafirmou que a solidariedade internacional não é apenas um gesto político, mas um compromisso ético entre povos que enfrentam estruturas de violência semelhantes, marcadas pelo colonialismo, pela negação de direitos e pela resistência cotidiana. A Jornada de Solidariedade à Palestina em Sergipe segue como um marco de construção coletiva entre universidade, movimentos sociais e comunidades, reafirmando o papel do MST na luta pela justiça global e na defesa dos povos oprimidos pelo colonialismo.

Seguimos em solidariedade ativa, de Sergipe à Palestina.