SOS Rio Grande do Sul

De criança para criança: Sem Terrinha lançam campanha de solidariedade ao RS

A campanha também é uma ferramenta de denúncia ao modelo de produção do agronegócio, que tem avançado contra os biomas brasileiros
Foto: MST

Por Wesley Lima
Da Página do MST

A partir desta segunda-feira (17), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) inicia uma campanha de solidariedade às crianças do Rio Grande do Sul, com o objetivo de mobilizar as crianças Sem Terrinha das escolas do campo, assentamentos e acampamentos de Reforma Agrária através da doação de materiais escolares, roupas diversas, itens de higiene pessoal, brinquedos, livros de literatura e outros.

A campanha também é uma ferramenta de denúncia ao modelo de produção do agronegócio, que tem avançado contra os biomas brasileiros com o desmatamento das florestas, queimadas, extinção de animais e poluição de rios. Fruto desse projeto, as mudanças climáticas têm acelerado, causando eventos climáticos extremos, como as fortes chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul no último mês.

Segundo informações da Defesa Civil estadual, foram registradas 175 mortes no total e há 38 pessoas desaparecidas, de acordo com o governo do estado.

As famílias Sem Terra, que vivem no estado, também foram atingidas diretamente pelas enchentes, entre elas, muitas crianças perderam suas casas e escolas. O Movimento Sem Terra contabiliza que 420 famílias dos Assentamentos Integração Gaúcha (IRGA) e Colônia Nonoaiense (IPZ), em Eldorado do Sul; Santa Rita de Cássia e Sino, em Nova Santa Rita; 19 de Setembro, em Guaíba e Tempo Novo, em Taquari, foram afetadas pelos alagamentos.

Os impactos são imensuráveis. Houve a inundações de casas, perda da produção de alimentos, prejuízos de estruturas, ferramentas, maquinários, além da vida de animais. Entre os espaços sociais coletivos que foram afetados, inclui-se a primeira Escola de Educação Infantil construída na área de Reforma Agrária.

Solidariedade Sem Terrinha

As crianças foram fortemente atingidas pelas enchentes. De acordo com dados do Governo do Rio Grande do Sul, divulgados no mês de maio, mais de 10 mil crianças e adolescentes estão em abrigos. Essas crianças perderam tudo. 

Valter Leite, da direção nacional do MST pelo setor de educação, explica que neste cenário, a Campanha de Solidariedade Sem Terrinha faz parte das ações gerais construídas pelo Movimento no estado e apresenta-se como indispensável neste momento de tantas perdas. “Ela é motivada pelas ações e mensagens das crianças Sem Terrinha em fortalecimento ao povo rio-grandense e, em especial, as mensagens e ações voltadas às crianças neste último período”, afirma.

Ele conta também que a construção da campanha só é possível, porque o MST tem incorporado a solidariedade como um princípio político. “Temos a solidariedade como um valor e um ato humano que é cultivado permanentemente pelo MST e seu exercício real assume um caráter formativo e humanizador. E nós acreditamos, que esse sentimento, esse princípio, esse valor, esse ato humano, só é possível entre sujeitos que estão com disposição de lutar pela justiça social”.

E continua: “a campanha se coloca com essa dimensão de exercitar a solidariedade enquanto um ato humano, comprometido com a justiça social e que atende neste momento imediato as necessidades que atravessam as crianças do Rio Grande do Sul”. 

Doações

A ideia é que a campanha possa mobilizar as crianças Sem Terrinha para doação de itens diversos ao RS de todas as regiões do país. Porém, as crianças da cidade também podem participar da campanha fazendo doações nos pontos de coleta do MST espalhados por todo o país.

Arte da Campanha de Solidariedade das Crianças Sem Terrinha às crianças do Rio Grande do Sul

*Editado por João Carlos