Manifestação cobra justiça e denuncia a violência crônica no campo do Maranhão

 

 

 

 

Por Reynaldo Costa
Da Página do MST

Entidades e movimentos sociais de diversas áreas realizaram nesta sexta-feira (20) uma grande manifestação no município de Buriticupu, no Maranhão, denunciando a violência no campo e cobrando justiça e punição aos culpados pelo assassinato do militante camponês Raimundo Borges, popularmente conhecido como “Cabeça”, morto no dia 14 de abril, no assentamento onde morava, em Buriticupu.

A manifestação percorreu as principais ruas da cidade com paradas e pretexto enfrente aos órgãos públicos daquele município e se encerrou com a paralização da BR 222 por cerca de duas horas.

Agente das CEBs Raimundo Alves Borges “Cabeça” é executado a tiros no Maranhão

Nas falas de protestos, muita revolta pela grave situação de violência na região. Luis Vila Nova, militante histórico da luta pela terra e compositor do conhecido poema “O risco”, que acabou virando uma música símbolo da resistência camponesa, relembrou em sua fala a importância de Raimundo Cabeça na luta pela terra, e acrescentou “Cabeça não era apenas um militante ele era e sempre será um patrimônio de nossa sociedade”. Emocionado, Vila Nova lembrou a vida simples que Cabeça levava e culpou o Estado e principalmente o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), pelo assassinato do Sem Terra.

Durante a caminhada, uma carroça conduzia um caixão, coberto com uma bandeira do MST no qual Cabeça militou durante anos. Em cada parada, eram colocados retalhos de tecido sobre o caixão simbolizando a morte de vários órgãos públicos, entre eles o Poder Judiciário e o Legislativo.

Cabeça foi militante das Comunidades Eclesiais de Bases (CEBs) e um histórico militante da luta pela terra no Maranhão. Suas lutas criaram força com a ocupação da Terra Bela, em Buriticupu, em 1987, quando liderou a ocupação ao lado de Vila Nova. Terra Bela é uma das maiores e mais resistentes ocupações do Maranhão.

Há muitos anos vinha denunciando a grilagem de terra e um esquema de compra e veda de lotes de Reforma Agrária na região. O delegado que investiga seu assassinato já adiantou que esse é um caso típico de pistolagem e possivelmente não demorará em descobrir os culpados.

A manifestação terminou com a mensagem de que “a morte de Cabeça não vai ficar impune”. Diante disso, nos próximos dias movimentos e entidades discutirão a criação de uma audiência pública na cidade para discutir a situação da região.