PM atira em trabalhadores rurais que manifestavam contra a seca no Ceará
Por Marcelo Matos
Da Página do MST
Na manhã desta segunda-feira (28), cerca de 500 trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra ocupavam a prefeitura de Senador Pompeu no Sertão Central cearense. A manifestação era para cobrar dos governos municipal e estadual uma solução para a situação de seca que vivem os agricultores da região.
Por Marcelo Matos
Da Página do MST
Na manhã desta segunda-feira (28), cerca de 500 trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra ocupavam a prefeitura de Senador Pompeu no Sertão Central cearense. A manifestação era para cobrar dos governos municipal e estadual uma solução para a situação de seca que vivem os agricultores da região.
Entre os pontos de pauta estava a liberação imediata do seguro safra, abastecimento de água para mais de 30 comunidades incluindo os assentamentos, trabalho e renda no campo. A manifestação estava pacífica até a chegada da Polícia Militar.
Por volta das 9h, entretanto, a PM entrou na prefeitura atirando em vários manifestantes. Não só os trabalhadores rurais ficaram indignados com a ação da polícia, como também causou revolta na população do município que veio prestar solidariedade aos Sem Terra. O cinegrafista do centro de defesa dos direitos humanos que filmava a manifestação, Fran Paulo, teve seu equipamento atingido diretamente.
O Policial Militar identificado pelo nome Humberto foi o que mais efetuou disparos. “Um ato de extrema violência! Acabei de levar um tiro de um policial! A bala entrou na lente da filmadora!”, disse o cinegrafista indignado. O caso foi registrado da Delegacia Civil de Senador Pompeu, onde o Fran Paulo fez o registro do boletim de ocorrência.
Uma equipe foi à delegacia da Polícia Civil registrar o boletim de ocorrência e ao fórum da cidade. Os movimentos sociais esperam que o poder público apure os fatos e que os policiais que participaram da ação sejam punidos.
No momento em que os fatos estavam ocorrendo, o Prefeito Ibervam Ramo (PSDB) estava em reunião com o governador do estado Cid Gomes (PSB). No entanto, não houve pronunciamento do prefeito sobre o caso nem fez qualquer articulação para evitar um confronto maior.
Ao dar continuidade à manifestação à tarde, os agricultores cobravam do Ministério Público uma ação imediata de apuração e condenação dos envolvidos.
Medidas
“Em todos esses 168 municípios, foi constatada a perda de safra superior a 2,77% das receitas dos municípios. Portanto, estou assinando a emergência de todos eles e remetendo ao Governo Federal. Peço o apoio da bancada para que isso seja analisado com a maior brevidade e todas as ações que requerem essa providência sejam adotadas o mais rápido possível”, declarou Cid Gomes sobre a questão da seca.
O governador anunciou o pagamento de mais uma parcela extra do Garantia Safra – que serão pagos pelo Governo Federal -, ampliando o valor em mais R$ 136,00, chegando aos R$ 716,00.
Apesar das medidas anunciadas pelo governador, os recursos estão longe de chegar à população atingida e os movimentos sociais prometem mais ocupações de rodovias e protestos nas prefeituras.
Os movimentos sociais consideram que essas ações são insuficientes para resolver os problemas estruturais caudados pela seca. No mês de abril, o MST entregou uma proposta ao governador do estado com várias medidas que possibilitavam a permanência dos agricultores no campo, que vão desde a construção de barragens subterrâneas, poços artesianos, açudes, cisternas de placa e materiais para possibilitar pequenas irrigações para o processo produtivo.
Para a coordenadora do MST no Ceará Antonia Ivoneide, “é preciso que haja medidas concretas que resolva a situação, medidas paliativas não vão resolver os problemas” afirma.
No fim da tarde, o prefeito chegou para receber a equipe de negociação, formada por representantes do MST, Centro de Defesa dos Direitos Humanos e Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Senador Pompeu. Ao chegar à prefeitura, o prefeito foi recebido com vaias pelos manifestantes em sinal de protestos.
No inicio da audiência, a comissão reclamou e chamou a atenção do prefeito pelo fato ocorrido. A pauta, por sua vez, foi atendida em partes no que dependia da prefeitura. Houve a assinatura de um termo onde o prefeito Ibervam se comprometia em resolver as necessidades mais urgentes dos agricultores, como abastecimento de água, cestas para o acampamento João Sem Terra, entre outros pontos.