Mobilização Nacional “Mártires de Carajás” contra o Modelo Econômico e pela Reforma Agrária

17 de abril, Dia Internacional de Luta Camponesa. Seis anos de impunidade do Massacre de Eldorado dos Carajás. O MST estará realizando várias atividades políticas em uma jornada nacional de luta contra o modelo econômico e em defesa da Reforma Agrária. As ocupações realizadas são em memória aos mártires de Eldorado dos Carajás.

Em alguns estados, a jornada se iniciou na semana passada. De acordo com as pautas, devem continuar após o 17 de abril. Além das ocupações de terras em todos os estados e regiões, o MST realizará coleta de assinaturas para a Campanha do Limite da Propriedade da Terra, caminhadas e atos públicos nas capitais.

Objetivos principais da Jornada Nacional do dia 17 de abril:

1º – Pressionar o Governo para assentar as mais de 70 mil famílias acampadas em mais de 500 acampamentos provisórios em todo o Brasil. No ano de 2001 o MDA estipulou como meta assentar 65 mil famílias no Brasil, mas pelos nossos cálculos não assentou mais que 18 mil famílias .

2º – Acumular forças na luta pela Reforma Agrária. Nos últimos anos o Governo tentou derrotar o Movimento Sem Terra e acabar com o sonho da Reforma Agrária do Povo Brasileiro. Criou diversos instrumentos políticos e administrativos para desmobilizar a luta pela Reforma Agrária como: Cadastramento nacional pelos correios, criou a medida provisória que impede a desapropriação das terras ocupadas, criou o serviço de investigação e inteligência a serviço da ABIM, utilizando servidores do INCRA através do programa de empreendedores sociais. Apostou no fracasso dos assentamentos como propaganda contraria à Reforma Agrária, acabou com o PROCERA, com o LUMIAR e com o PRONERA entre outros programas que possibilitavam o desenvolvimento econômico/técnico e social dos assentamentos. Nesta Jornada queremos mais uma vez legitimar a ocupação de terra como um instrumento legitimo de luta pela Reforma Agrária.

3º – Mobilizar os cadastrados pelos correios. Uma das grandes mentiras criada em laboratório e que foi fruto de desperdícios de recursos públicos. Só durante o Mês de março de 2001, o MDA na ânsia de desmobilizar a luta pela Reforma Agrária, gastou em Propaganda 8 milhões de reais, na propaganda que ficou conhecida como “Porteira Aberta”. A Intenção do Governo era mostrar com o cadastramento nacional pelos correios que não havia mais público no Brasil para a Reforma Agrária e que o movimento apresentava uma demanda ilusória. Neste jogo um milhão de Sem terra se cadastraram nos correios. E a promessa do governo em assentar em três meses quem se cadastrasse? Foi mais uma grande mentira. O Governo criou mais uma demanda, mais um público para a Reforma Agrária que agora cabe ao MST organizar e mobilizar.

Veja abaixo as mobilizações nos estados:

1 – PARAÍBA:

Em 12 de abril, foi ocupada a fazenda Olho D’água, em Lagoa Nova. A fazenda, de propriedade do senhor Mauro Lima, foi ocupada por aproximadamente 100 famílias.

2 – PERNAMBUCO:

O MST deu início a Jornada na madrugada de 14 de abril. Até o momento foram feitas 14 ocupações, mobilizando 4 mil e 200 famílias em todo Estado. A previsão é que esse número cresça. As ocupações aconteceram em clima de muita tensão. São Caetano Agreste é uma das regiões onde o clima é bastante tenso.

Serão feitas diversas caminhadas em vários regiões do estado. Os
trabalhadores protestam contra a MP que proíbe a vistoria em terras
ocupadas, contra o cadastramento pelos correios e em memória dos 19 mártires de Eldorado do Carajás.

Na capital, Recife foi realizada uma grande marcha reunindo aproximadamente mil trabalhadores. A marcha saiu do acampamento (Mártires do Carajás) montado no Engenho Caxito de Fora, ocupado no último domingo 14/4 localizado no município de Jaboatão dos Guararapes e percorreuparte da BR 232, passando pela Avenida Caxangá seguindo
para a Praça Osvaldo Cruz. A marcha seguiu para a Praça do Carmo, onde foi realizado um Ato Público.

Na região Sertão do Pajeú, em Serra Talhada, aproximadamente 500 trabalhador@s sem terra sairam em Marcha da entrada da cidade rumo ao centro, realizando Ato Público. Outras caminhadas acontecerão hoje, 17 de abril, uma delas em Petrolina.

3 – GOIÁS

Na madrugada de 12 de abril, aproximadamente 550 famílias foram mobilizadas em duas ocupações. A fazenda Velhos Tempos, de propriedade de Artur Barros, em Diorama e a Fazenda Forquilha Dois em Niquelândia, que pertence ao grupo VOTORANTIM. Os Policiais Militares encontram-se no local para efetuar o despejo. Segundo informações da assessoria de comunicação do MST Goiás, a PM não possui liminar de reintegração de posse e as famílias pretendem resistir aos despejo.

4 – RIO GRANDE DO SUL:

A Fazenda Bom Retiro, com 2.100 hectares, no município de Júlio de Castilhos, foi ocupada nesta madrugada de 15 de abril por 550 famílias. A ocupação faz parte da Jornada Nacional de Lutas “Mártires de Carajás”, que mobiliza até o momento mais de 10 Estados em todo o país. Não houveram conflitos porém, após a ocupação, a entrada da área está bloqueada por grupos armados de fazendeiros.

No Rio Grande do Sul, 2.500 famílias permanecem acampadas, algumas delas há 3 anos e seis meses. Apenas 25 famílias foram assentadas pelo Governo Federal no ano passado e nenhum dos pontos da pauta de reivindicações apresentada à Superintendência Estadual do INCRA em janeiro deste ano foi atendida.

Em continuidade a Jornada de Lutas Mártires de Carajás, o MST/RS iniciou duas marchas rumo ao Latifúndio no Estado. A primeira partindo de Hulha Negra, região de Bagé, contando com 550 famílias. Antes da saída da marcha,latifundiários atiraram contra os marchantes, ferindo de raspão o Frei Wilson Zanatta. A outra marcha parte do acampamento Santa Vitória, no município de Arroio dos Ratos, com 350 famílias.
Em Júlio de Castilhos, 500 famílias ocupam a Fazenda Bom Retiro. A Justiça já determinou a reintegração de posse em 72 horas, expirando o prazo na quinta-feira.

Nesta manhã, @s sem terra bloquearam, por 19 minutos, as seguintes rodovias: BR 290 em dois pontos: Eldorado do Sul e Arroio dos Ratos,
BR 293, em Hulha Negra e BR 116 na Tabaí – Canoas, no trevo de Nova Santa Rita.

5 – ALAGOAS

Aproximadamente mil e 500 trabalhadores rurais sem terra do Estado estão caminhando desde a última terça-feira, 9/4. Eles saíram do município de Arapiraca, a segunda maior cidade do Estado e vão percorrer ao todo 150 km) com destino a capital Maceió.

Em São Miguel dos Campos, as famílias realizaram um saque a dois caminhões de alimentos. A situação das famílias acampadas é muito difícil. Em acampamentos à beira da estrada, com promessas intermináveis do INCRA, que ano passado só assentou 360 famílias no Estado, sem alimentação e sem oportunidades de trabalho, as famílias trabalhadoras rurais exigem dos Governos Estadual e Federal que apresente alternativas de assentamento para as cerca de 8 mil famílias acampadas no estado.

Hoje, 15 de abril trabalhador@s organizados pela CPT e pelo MT começaram a marchar, iniciando no município de Messias, com mais de 500 trabalhadores. Ambas as marchas se encontram em Maceió, em 17 de abril.

Ainda neste final de semana foram realizadas duas novas ocupações: uma em Taquarana, com 250 famílias e outra em São Bráz, às margens do Rio São Francisco, com 100 famílias.

Permanecem ainda ocupadas há vários meses 10 fazendas em todo estado cujos processos estão parados em virtude da maldita medida provisória de FHC, mais de trinta acampamentos se encontram às margens das rodovias.

Hoje foi trancada a rodovia AL 104, que dá acesso a Macéio. Foram cortados cerca de 1 hectare de cana, pertencente aos usineiros da região com o objetivo de pressionar o Incra para que o Superintendente do INCRA de Alagoas, José Quixabeira Neto, e todo o setor fundiário deste órgão sejam demitidos.

Da mesma forma a pauta a ser discutida com o Governo Estadual exige a desapropriação de áreas pelo próprio governador, como já vem sendo feito em outros Estados. Os recursos para a compra destas áreas viriam das dívidas que os usineiros do estado tem com o ICMS.

6 – BAHIA

A programação na Bahia é extensa. Desde 12 de abril os trabalhadores estão mobilizados entre ocupações, caminhadas, atos, panfletagens e várias audiências.

@s mil e 500 trabalhador@s que haviam ocupado a área onde fica a Usina Itapetingüi, em Amélia Rodrigues, a 70 quilômetros de Salvador saíram em caminhada rumo a capital. Os trabalhadores exigem a desapropriação da área da usina, que está abandonada há cerca de sete anos e foi arrendada para a Usina Aliança

Mais 600 trabalhadores estão acampados no Parque de Exposições, em Salvador e deverão se unir ao acampamento em Amélia Rodrigues.

Hoje será realizado um ato ecumênico em frente ao Fórum local, seguido de ato de protesto contra a impunidade dos assassinos de Eldorado dos Carajás. Em seguida @s famílias sem terra retornam para o acampamento em Amélia Rodrigues.

7 – SÃO PAULO

Na madrugada de 13 de abril, 400 famílias de sem terra ocuparam a Fazenda Capuava, de mil e 200 hectares, localizada em Bragança Paulista (a 100 quilômetros de São Paulo).

Dando continuidade as atividades e também em solidariedade ao Povo Palestino que sofre com o massacre cometido pelo governo de Ariel Sharon com o apoio dos EUA, será realizada em 19 de abril (sexta-feira), a Marcha pela terra no Brasil e na Palestina. A concentração será às 14 horas na Igreja da Consolação, seguindo em Marcha até o Consulado dos EUA.

8 – PARÁ

Na manhã de 10 de abril, as famílias trabalhadoras rurais começaram uma marcha de Castanhal, rumo a Belém. Ao chegarem em Santa Izabel do Pará, no Residencial Almir Gabriel, ex-Che Guevara, em Marituba, e na ocupação Carlos Marighela, em Ananindeua, foram homenageados pelos sem-teto, que depois se integraram à marcha em direção a capital.

9 – RIO DE JANEIRO

Na madrugada de 12 de abril foram ocupadas as ruínas da Usina da Fazenda Santa Maria.
A Usina está envolvida por terras improdutivas, passivo socioambiental, e outras improbidades para com o erário público, há mais de uma década. Apesar disto a área não está na lista de vistorias do INCRA. Que, aliás, não tem vistoriado terra alguma na região alegando falta de recursos.

10 – PARANÁ

Em 17 de abril está se realizando um ato público em Foz do Iguaçu pelo julgamento e condenação dos assassinos do massacre de Eldorado de Carajás, contra a ALCA ( Área de Livre Comércio das Américas) e pela Paz no Oriente Médio. Além do MST, participarão o MCP (Movimento campesino – Paraguai), o Fórum regional por Terra, Trabalho, Cidadania e Soberania e a comunidade Árabe de Foz do Iguaçu.

Os trabalhadores se concentraram no centro da cidade em seguida sairam em marcha pelas principais avenidas, encerrando com ato público na ponte da amizade.

11 – MARANHÃO

As regionais de Mearim e Itapecuru estão mobilizadas. Nestes locais acontecerão atos públicos contra a ALCA e em memória aos Mártires de Carajás.

12 – RIO GRANDE DO NORTE:

Hoje, aproximadamente 200 trabalhador@s e entidades locais realizam um ato ecumênico no centro da capital, Natal. El@s fazem uma caminhada com parada em frente ao FAT/SINE para reivindicar a liberação de um projeto. Em seguida, caminham até o Incra para protestar contra o atraso no processo de assentamentos das famílias, encerrando com o ato e exposições de fotos dos assentamentos e da produção no estado.

13 – PIAUÍ:

Na Região Norte do Piauí o clima é bastante tenso. @s
trabalhador@s realizaram duas ocupações: uma no município de Canto do Buriti (Fazenda Vão) e outra em Ponte dos Lopes (Fazenda Passagem das Canoas).

Uma comissão formada por trabalhadores e entidades amigas realizou uma audiência com o Secretário de Segurança do Estado o Dr.º Antônio José Raimundo de Moraes e com superintende da Polícia Federal. O motivo da audiência é pedir segurança e que providências sejam tomadas.

Em 1º de abril, o trabalhador rural Sebastião Marques de Sousa, de 49 anos, foi brutalmente assassinado por pistoleiros e mais 29 trabalhadores estão ameaçados de morte.

A região norte do Piauí, litorânea, possui uma área denominada de Mexeriqueira que pertence a União, mas que está atualmente arrendada a um grupo de espanhóis e japoneses que possuem uma criação de camarão de cativeiro que dominam a área. Até agora as autoridades locais não fizeram nenhuma declaração ao caso. Este ano 3 trabalhadores já foram assassinados na região.

14 – MATO GROSSO DO SUL

Aproximadamente 70 trabalhadores doaram sangue na Santa de Casa em Campo Grande. Eles são dos assentamentos Silvio Rodrigues,
em Rio Brilhante e Geraldo Garcia em Sidrolândia. Hoje à tarde os trabalhadores distribuirão panfletos sobre a importância da luta
camponesa.

Serão realizados atos de protesto contra a impunidade dos
assassinos do Massacre de Eldorado dos Carajás nos municípios de Eldorado, Pontaporã, Itaquiraí.

No município de Casa Verde, na região do Vale de Invinhema os trabalhadores trancarão a BRs que ligam alguns municípios a capital.

15 – MINAS GERAIS

Em Minas Gerais foram ocupadas duas fazendas no município de Novo
Cruzeiro, com 120 famílias, e outra em Uberlândia, com 150 famílias. As ocupações prosseguem até 20 de abril, mobilizando um total de duas famílias.

Hoje será realizada um debate na Câmara dos vereadores sobre o Julgamento de Eldorado dos Carajás

16 – TOCANTINS

Em Palmas, Capital, está marcado uma audiência com representantes do MST e com o superintendente do Incra estadual para discussão da pauta de reivindicações, como desapropriações das áreas de acampamento e liberação dos créditos.

17 – SERGIPE

Cerca de 430 famílias de trabalhadores rurais sem terra ocuparam na madrugada de 16 de abril, a fazenda Limpos, no município de Carira (SE).

Outra ocupação, também em 16 de abril, aconteceu na fazenda Bom Jardim, no município de Simão Dias, com cerca de 700 famílias de trabalhadores rurais sem terra. A fazenda é de propriedade do grupo G Barbosa -empresários do setor alimentício.

Hoje, 17 de abril, os sem terra acampam na praça em frente à sede do Incra, em Aracaju. Ficam na capital até 20 de abril. Neste dia participam do 1º Seminário Estadual de Formação e Mobilização contra a Alca (Área de Livre Comércio das América).

18 – CEARÁ

Cerca de 700 trabalhador@s rurais sem terra ocuparam três latifúndios improdutivos.

A primeira foi na fazenda Bela Vista, em Caucaia – 25 quilômetros de Fortaleza. Esta foi a primeira experiência no Estado em levar trabalhadores que estavam morando na cidade de volta para o campo.

A segunda foi na fazenda Cajazeiras, em Icó, a 470 quilômetros de Fortaleza. a terceira ação foi na Fazenda Vaca Brava, em Monsenhor Tabosa, a 380 quilometros de Fortaleza.

Ainda não possuímos informações dos seguintes estados: DF, ES, MT, RO, SC.