MST colhe feijão da “Ação da Cidadania” no Paraná

Maurício Borges/GP, do Jornal de Londrina

O Assentamento Dorcelina Folador, em Arapongas, recebeu ontem centenas de visitantes para a Festa da Colheita do Feijão. O evento reuniu acampados e assentados de todo o norte do estado, além de integrantes das coordenações nacional e estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e o Bispo Auxiliar de Curitiba, Dom Ladislau Biernaski. Também participaram Daniel de Souza – filho de Herbert de Souza, o “Betinho” – e Maurício Andrade, da coordenação nacional da Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida.

A lavoura de 25 hectares de feijão da safrinha, custeada com dinheiro liberado pelo Ação da Cidadania Contra a Fome, começou a ser colhida ontem. A estimativa das 94 famílias assentadas é de que sejam colhidas aproximadamente 1.000 sacas de 60kg de feijão, que devem render cerca de R$ 80 mil em valores atuais de mercado.

O assentado Damaceno de Oliveira, que também integra a Coordenação Nacional do MST, explicou que parte deste feijão será utilizado na alimentação das famílias do Dorcelina Folador. “O valor correspondente aos R$ 17,5 mil do custeio da lavoura serão devolvidos ao Fundo Herbert de Souza Brasil sem Fome, em feijão”, revelou Damaceno, anunciando ainda que o restante será empacotado e vendido ao Programa Fome Zero.

A antiga Fazenda São Carlos, de 756 hectares e que estava alienada ao Banco do Brasil em garantia de dívidas, foi ocupada pelo MST há três anos. Nela, cada uma das 94 famílias assentadas ficou, em média, com 6 hectares, descontados os 20% de áreas de preservação permanente.

Atualmente as famílias produzem vários tipos de hortaliças, batata-doce, cará, feijão e milho, além de manter programas de piscicultura e sericicultura (bicho-da-seda). Durante o ato de ontem, a propriedade foi apresentada à mídia como modelo bem sucedido de reforma agrária, por João Pedro Stédile, da Coordenação Nacional do MST.

BISPO – Presente à Festa da Colheita, o Bispo Auxiliar de Curitiba, Dom Ladislau Biernaski – que também atua como bispo acompanhante da Comissão Pastoral da Terra (CPT) – teceu elogios aos resultados obtidos no assentamento. “Aqui é possível mostrar a todos que quiserem ver, que a reforma agrária é perfeitamente viável”, afirmou ele.

Para o bispo, os assentados estão celebrando a vitória pela conquista da terra e da produtividade. “Neste latifúndio trabalhavam apenas duas famílias, hoje são mais de 90 que estão tirando da terra o seu sustento e comprovando que a reforma agrária é a solução para muitos problemas do Brasil, incluindo o desemprego, a miséria e a fome”, comentou Dom Ladislau.