Novo perigo na Amazônia: plantio de soja

A soja está invadindo áreas de florestas densas na Amazônia, onde o índice pluviométrico é alto e, tradicionalmente, não se explorava essa cultura. “A soja já chegou ao coração da Amazônia”, diz o secretário de desenvolvimento sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Gilnei Viana.

No Pará, diz ele, há plantio de soja ao longo da BR-163 em direção a Santarém e perto de Paragominas. As cidades que eram pólos madeireiros. No Amazonas, a soja já se alastra entre Humaitá e Apuí, onde se instalaram assentamentos.

A soja avança mesmo em Mato Grosso, na região de Alta Floresta – onde a principal atividade era madeireira – e entre Canarana e São José do Xingu – que se destacavam pela pecuária. “É uma mudança do padrão econômico na região”, avalia Viana, que participa do grupo interministerial formado para discutir medidas para conter o desmatamento na Amazônia, que cresceu 40% entre 2001 e 2002. A soja e outras “culturas brancas”, como arroz, milho e feijão, são apontadas como as vilãs do desmatamento.

Mudanças – A expectativa do governo é de aumento de 8,67% na área plantada no Brasil neste ano, em comparação com o ano passado.

Segundo o secretário, a expansão da agricultura na Amazônia é quase o dobro do que no restante do País. Só no chamado Arco do Desflorestamento, onde estão os 249 municípios com maior taxa de desmatamento, estima-se o uso de 1,1 milhão de hectares na agricultura. Desse total, 700 mil hectares serão ocupados com soja. “As áreas com florestas estão sendo convertidas diretamente em plantação de soja”, alerta ele.

Para Viana, o governo precisa ter “ações firmes” de fiscalização e de incentivo ao desenvolvimento sustentável.