MST: 20 anos de lutas e conquistas

Vinte anos se passaram desde que 80 representantes de organizações camponesas reunidos num galpão de uma igreja em Cascavél- PR fundaram um movimento nacional de luta pela terra: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Era o primeiro Encontro Nacional de camponeses que lutavam pela terra e viam a necessidade de articular e organizar em nível nacional os diversos processos de luta localizados. O encontro consolidava a experiência de diversos estados e serviu para orientar a linha ideológica e definir a concepção do Movimento como uma organização autônoma dos trabalhadores rurais.

O MST não só sobreviveu, como está crescendo a cada ano expandindo sua lutas e conquistas. Dando continuidade a um processo histórico de lutas populares e criando uma organização social sustentada na ligação direta com a realidade e norteada pela prática política dos seus princípios organizativos (como a direção coletiva, a disciplina, a vinculação com a base e o estudo).

Assim, durante sua trajetória, o Movimento que começou com uma luta dos trabalhadores rurais pela terra, percebeu que não basta democratizar a terra, é preciso resgatar a dignidade do camponês. Democratizar o capital, organizando as agroindústrias de forma cooperativada nas mãos dos agricultores. É preciso democratizar a educação como uma forma de levar a cidadania para a população do campo. Estas são as lutas e as conquistas do MST.

Existem mais de 500 associações de produção, comercialização e serviços; 49 Cooperativas de Produção Agropecuária (CPA), com 2299 famílias associadas; 32 Cooperativas de Prestação de Serviços com 11174 sócios diretos; duas Cooperativas Regionais de Comercialização e três Cooperativas de Crédito com 6521 associados.

São 96 pequenas e médias agroindústrias que processam frutas, hortaliças, leite e derivados, grãos, café, carnes e doces, além de diversos artesanatos. Tais empreendimenos econômicos do MST geram emprego, renda e impostos beneficiando indiretamente cerca de 700 pequenos municípios do interior do Brasil.

Aliada à produção está a educação: cerca de 160 mil crianças estudam no Ensino Fundamental nas 1800 escolas públicas dos acampamentos e assentamentos. O setor de educação atua ainda na educação infantil (de 0 a 6 anos), contando hoje com aproximadamente 500 educadores/as. O MST desenvolve um programa de alfabetização de aproximadamente 30 mil jovens e adultos, 750 militantes do MST estudam em cursos universitários. Desses, 58 cursam medicina em Cuba.

A luta do MST pelas trasnformações sociais recebe apoio de inúmeros setores. Mais de 200 prêmios foram dedicados ao Movimento nestes 20 anos e a reforma agrária se tornou um tema conhecido e de grande importância na pauta da sociedade.

O MST sempre soube que a Reforma Agrária só avançaria com a luta de massas. Assim, as ocupações aumentam a cada ano. Esta estratégia de luta se consolidou como uma forma legítima, concreta e contundente de enfrentamento que exige solução e gera unidade entre os sem terra.

Hoje, o Movimento conta com cerca de 350 mil famílias assentadas e aproximadamente 150 mil vivem em acampamentos. Considerando que a média da família brasileira é de quatro pessoas, os militantes do MST chegam a quase dois milhões de pessoas.

Os assentamentos se tornam áreas libertas, conquistadas pelos trabalhadores e um exemplo para a continuídade da luta. Nos quase cinco mil assentamentos do MST nenhuma criança passa fome.

As comemorações dos 20 anos do MST acontecerão durante todo o ano e tiveram início no XII Encontro Nacional do MST em São Miguel do Iguaçú, no Paraná. Onde cerca de 1.200 delegados dos 23 estados junto a convidados avaliaram a luta pela Reforma Agrária e os desafios que se apresentam na atual conjuntura.

Breves

Brigada MIlitar reprime com violência protesto de agricultores no RS

20 colonos ficaram feridos, um estado grave e cinco presos no confronto com a Brigada Militar em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul. Os colonos protestavam contra a demora na liberação de recursos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar ) para plantio da safra deste ano.

Campanha “indique um amigo”

Ajude a difundir o Boletim Eletrônico Letraviva. Envie para seus amigos ou indique endereços eletrônicos de pessoas interessadas. Basta enviar uma mensagem para [email protected] para receber o informativo quinzenal do Movimento dos Tabalhadores Rurais Sem Terra.

Conheça a Revista Sem Terra e o Jornal dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

As publicações do MST podem ser adquiridas nas Secretarias Estaduais do Movimento ou por assinaturas. Para receber um exemplar cortesia e a proposta de assinatura entre em contato com [email protected]

Cartas

Venho aqui dizer que o MST tem um papel muito importante em nosso país, temos que ajudar uns aos outros e sempre em sentido de obter o melhor para o Brasil. Vejo isso na comunidade MST. Tenho orgulho de ser simpatizante e todos que fazem parte diretamente ou indiretamente são os verdadeiros salvadores do país. No mundo existem poucos movimentos tão autenticos como os SEM TERRA, é preciso deixar a chama da revolucão acessa, para que possamos um dia livrar o Brasil das mãos da elite podre que adoece este belo país. É preciso desmascarar de uma vez por todas a imprensa que a todo instante vem desmoralizando o MST, que sejamos fortes e unidos em busca de um só objetivo: salvar a soberania de nosso país. Valeu MST e parabéns pelo seu aniversário. Que possamos viver para ver a mudança.
Anderson Eduardo A. de Lima- Joao Pessoa- Paraiba, [email protected]

Caros companheiros do MST, eu sempre vi com bons olhos a luta de voçês – que na verdade deveria ser de todos nós – O nosso povo está cansado de ser oprimido e explorado, e o papel de vocês é fundamental para que a nossa “democracia” seja realmente democrática e todo o povo brasileiro tenha o direito de ter o seu lar, emprego e uma vida mais digna.
Eu tenho 26 anos e gostaria muito de fazer parte dessa luta por um Brasil mais justo.
Leandro Tadeu Martins Marques, [email protected]

O movimento é muito certo. Se mais pessoas se conscientizassem que a reforma agrária é necessária e lutassem por seus direitos o Brasil estaria, quem sabe, um pouco melhor.
Suelen, [email protected]