Assentamento aumenta safra com produção agroecológica de arroz e peixe

Embora ainda pouco conhecida no Brasil, a rizipisicultura, técnica chinesa milenar, vem mudando o cenário da produção de arroz ecológico no Rio Grande do Sul. O sistema, auto-sustentável, caracteriza-se pelo cultivo consorciado de arroz irrigado e criação de peixes sem o uso de agrotóxicos, reduzindo o impacto ambiental, o uso de maquinaria e proporcionando aumento gradativo da renda por área cultivada. A técnica começou a ser empregada em 1995 nos assentamentos do MST da região metropolitana de Porto Alegre, hoje, vem sendo largamente utilizada pelo assentamento em Viamão (RS), que produz, em média, 5 mil sacos de arroz ecológico por safra.

Os benefícios desse tipo de manejo são diversos: é altamente sustentável, uma vez que explora os hábitos alimentares dos peixes para preparar o solo, controlar as pragas e as plantas competidoras e é mais econômico, já que os peixes dispensam a utilização de maquinário e de fertilizantes – os peixes revolvem o solo, deixando o terreno preparado, e a adubação é feita com seus próprios excrementos. Por não utilizar adubo químico, herbicida ou pesticida, a rizipsicultura produz alimentos mais saudáveis para a comunidade e oferece um impacto praticamente nulo ao meio ambiente.

Os resultados já podem ser notados. A Emater (Associação Rio Grandense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural) estima que hoje no estado são cultivados 500 hectares com rizipisicultura. O assentamento de Viamão já ultrapassou a marca dos 50 hectares, envolvendo diretamente mais de 20 famílias. Entretanto, a expectativa é de que a safra de 2004/05 dobre essa área e agregue ainda mais famílias na produção ecológica.

A tentativa é tornar a região uma referência nesse tipo de produção e oferecer um contraponto às variedades transgênicas de plantas, com as quais têm se pretendido resolver problemas no campo de produção.