Projeto de assentamento do Pará comemora dez anos

O projeto de assentamento Palmares, localizado no município de Parauapebas, sudeste do Pará, a 570 Km de Belém, comemora seus dez anos no próximo sábado (26). O projeto homenageia o principal quilombo do Brasil, Palmares (1590-1694), organizado pelo líder negro Zumbi na Serra da Barriga, Alagoas.

Atividades culturais, esportivas, seminários sobre o meio ambiente, política e educação ocorrem entre os dias 21 e 26 de junho. Participa do evento também João Pedro Stédile, membro da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores rurais Sem Terra). O cantor e compositor paraibano Chico César se apresenta no dia da celebração.

Há 10 anos, cerca de 3.000 trabalhadores rurais Sem Terra, organizados pelo MST, ocuparam uma área do cinturão verde da Companhia Vale do Rio Doce, em Parauapebas. Até se chegar à criação do projeto de assentamento, porém, entre a primeira ocupação e a homologação oficial pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em junho de 1998, foram quatro anos de acampamento na área.

Hoje, uma área de 32 mil hectares abriga os projetos de assentamento Palmares I e II e Rio Branco, com 12 mil hectares. No Palmares II, onde será a celebração, estão assentadas 517 famílias, que trabalham na produção de lavoura branca (mandioca, feijão, milho, arroz), produção de gado leiteiro e de corte. Os hortifrutigranjeiros produzidos pelos assentados serão, vendidos durante dois dias do evento. No Município de Paraupebas, emancipado há 15 anos de Marabá, existem 29 projetos de assentamento.

Gladson Souza, um dos pioneiros da ocupação, afirma que a produção de hortaliças responde por 50% do consumo de Paraupebas. Ele acredita que, com uma melhor organização, assistência técnica, apoio no transporte e financiamento, a modalidade pode ser uma boa possibilidade para a diversificação da produção e geração de renda. Souza também avalia que o leite é o carro chefe da produção (1.500 litros por dia), mas crê que uma boa alternativa para a produção leiteira é o melhoramento do rebanho – o gado para corte é vendido no município e abastece três açougues na vila. Também são cultivados na área banana e abacaxi.

Palmares ainda possui 40% de mata nativa e, com o intuito de motivar uma cultura de preservação e uso sustentável dos recursos da mata dentro do processo produtivo, a coordenação do assentamento está implantando o projeto de educação ambiental “Replantando a Vida”. Trabalhadores rurais e estudantes são o público alvo. No planejamento do projeto constam o levantamento sócio econômico e o diagnóstico da flora e da fauna locais.

Funciona também no assentamento a Rádio Comunitária Palmares, das 8h às 22h, e uma escola com 16 salas e 1.156 alunos nos três turnos, que abrange do ensino fundamental ao primeiro ano do nível médio.