Festa Internacional dos 20 anos do MST reúne 5 mil pessoas em Itapeva, SP

Cerca de 5 mil pessoas participaram em 20 de junho da festa internacional dos vinte 20 anos do MST. Uma comovente mística internacional abriu o evento que reuniu delegações de militantes Sem Terra de diversos estados brasileiros e os participantes da IV Conferência Internacional da Via Campesina. A celebração foi seguida por um ato político com a presença de dirigentes do MST, dos ministros do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, e da Pesca e Aquicultura, José Fritsch, além de parlamentares amigos e representantes da Igreja e movimentos populares. A festa durou todo o dia com muito churrasco e música caipira.

A comemoração ocorreu em uma das sete agrovilas do assentamento Pirituba, o primeiro instalado em São Paulo, com cerca de 800 famílias assentadas. Os militantes do Movimento, Sem Terrinhas e membros da Via Campesina plantaram 200 árvores de espécies nacionais, que formaram o Bosque Internacional da Solidariedade. Delegações do MST vieram do Ceará, Paraná, Brasília e Rio de Janeiro.

Frei Betto leu uma carta do presidente Lula na qual reafirmou o compromisso histórico de realizar a Reforma Agrária e de assentar, ainda este ano, 115 mil famílias. Lula lamentou, por motivo de agenda, não participar da festa de comemoração e do enceramento ao encontro mundial da via campesina.

“Continuaremos a respeitar a autonomia dos movimentos populares e o diálogo permanente com o MST de modo especial, valorizamos a agricultura familiar, para a qual destinamos um volume maior de recursos através do Pronaf. Saúdo os companheiros e companheiras da Via Campesina. Guardem a certeza de que a luta de vocês pela função social da terra é tambem nossa”, afirmou Lula.

O dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile criticou o modelo econômico disse que o povo brasileiro votou para mudar. Ele lembrou os movimentos populares como nas Diretas Já para dizer que povo exigirá mudanças. “Neste momento, a Reforma Agrária que defendemos não vai se viabilizar se não for alterado o modelo econômico. O agronegócio produz dólares, mas não comida”. E pediu: “Lula, pelo amor de Deus, troque o Palocci, que já disse que é ministro do Serra.”

Questionado sobre a quebra do sigilo bancário de entidades ligadas ao MST, Stédile disse que o MST se orgulha de receber ajuda do povo da Europa e de Cuba. “No Brasil existem mais de 50 faculdades de medicina, mas duvido que tenham mais de 50 pobres e negros estudando. Graças ao povo de Cuba, o MST tirou as crianças debaixo do barracos e temos hoje 58 estudantes Sem Terra fazendo medicina na ilha.”

O ministro Miguel Rossetto argumentou que o governo está trabalhando para garantir uma Reforma Agrária com qualidade e afirmou vão avançar na demarcação das terras indígenas e dos quilombos.

Durante todo o dia, os participantes visitaram a feira da Reforma Agrária com os produtos produzidos nos assentamentos e acampamentos da região e o memorial do MST que contava a história do Movimento por fotos, vídeos, publicações e prêmios. À noite, os convidados se concentravam ao redor da fogueira e no baile de música caipira.