Acampamento carioca comemora 20 anos de existência

O Acampamento Campo Alegre, no município de Queimados, Rio de janeiro, comemorou com festa seus 20 anos de existência e resistência, em 17 de julho. O acampamento – cuja regularização da posse ainda não saiu – tem a mesma idade do MST.

Campo Alegre foi a primeira grande ocupação no Rio de Janeiro. “A partir dele o Movimento se estendeu por todo o estado: é o pai e a mãe dos outros acampamentos e assentamentos do MST”, declara Celso Antunes, da direção estadual do MST no Rio.

A festa comemorativa do aniversário, intitulada “20 anos de luta e resistência”, foi promovida pelos acampados e teve apoio da Comissão Pastoral da Terra, MST, Paróquia de São Sebastião de Queimados, Centro de Direitos Humanos e Igreja Presbiteriana.

Em Campo Alegre estão acampadas cerca de 600 famílias distribuídas em uma área em torno de 2 mil hectares, em lotes de dois a três hectares cada. Apesar das casas de alvenaria e de existir inclusive uma cooperativa, ainda não há título de posse da terra. “Isto porque era um loteamento urbano e o governo do estado não consegue encontrar os donos para pagar e desapropriar. Calculam em torno de sete mil os supostos proprietários”, explica Antunes.

Mas há esperança de que a situação se altere. Geraldo Machado, 64 anos, mora há 20 no acampamento e coordena a Cooperativa Agrícola Mista da União das Associações do Mutirão de Campo Alegre (Couamca), fundada em 1989. Segundo ele, o Instituto de Terras do Rio de Janeiro prometeu legalizar as áreas. “Como já estamos aqui há 20 anos eles acham melhor dar o usucapião”, diz o agricultor.

O Rio de Janeiro é o estado mais povoado e mais urbanizado do país. Por isto, sua zona rural apresenta características peculiares, como a forte ligação de seus habitantes com os núcleos urbanos. Apesar disso, o campo fluminense padece de problemas comuns ao restante do país, com latifúndios que inclusive exploram o trabalho escravo. O Rio de Janeiro tem hoje 19 acampamentos e 17 assentamento do MST.

Colaboração: Nestor Cozetti, do Jornal Brasil de Fato