40 áreas no Pará estão ameaçadas de reintegração de posse imediata

Dos estados do Brasil, o mais delicado na luta pela posse da terra é o Pará. Nesta semana, foram mobilizados 33 juízes para a viabilização de 40 liminares de reintegração de posse. Dessas áreas, 27 estão no barril de pólvora da Reforma Agrária.

Hoje, 15 de setembro, é a data proposta para o início da operação, segundo documento da Secretaria Especial de Estado de Defesa Social. Para a retirada dos trabalhadores e trabalhadoras rurais estão mobilizados tropa de choque, canil e cavalaria.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Pará (Fetagri ) e os dirigentes de áreas ocupadas e pautadas para a ação de reintegração de posse se reuniram pela manhã de hoje, em Marabá (PA), e decidiram pelo processo de enfretamento. Eles informam também que o Exército e a Polícia Federal foram convocadas pelo juiz para o cumprimento das liminares.

A operação de guerra montada pelo Estado vai percorrer nove municípios do sul e sudeste do Pará. São 27 áreas ocupadas com 3.939 famílias. No total, 12 mil famílias vivem em áreas ocupadas na região. Dentre as áreas, duas eram projetos de assentamento já homologados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

O prejuízo da desocupação é incalculável. Apenas na produção de arroz e milho, estima-se 4.592 linhas.

Trata-se da mais abrangente operação para a reintegração de posse na história do Pará. Em 2001, a maior registrada até hoje, foi agendada a reintegração de 15 áreas. O resultado: sete dirigentes foram assassinados, 121 trabalhadores rurais detidos, três dirigentes do MST presos por 30 dias.

No Pará também ocorreu, em 1996, o massacre de Eldorado dos Carajás, em que a ação da Polícia Militar deixou 19 Sem Terra mortos.