Assentamentos do Nordeste geram bom volume de produção

Assentamentos do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) da região Nordeste mostram que, através do modelo cooperativo, é possível gerar bom volume de produção e garantir renda para os camponeses. Veja os exemplos.

No litoral paraibano, entre os municípios de Alhandra e Pitimbú, uma região já exaustivamente explorada e castigada pela monocultura da cana , surgiu em 1993 o assentamento Primeiro de Março, um dos primeiros do MST no Estado. Hoje, 34 famílias cultivam jaca, manga, caju, graviola, araçá e, principalmente, inhame nos 204 hectares do assentamento. Por ter uma localização privilegiada, próximo a grandes centros comerciais, como Recife e João Pessoa, o escoamento da produção tem permitido uma boa receita e, conseqüentemente, qualidade de vida às famílias.

Ainda na Paraíba, no município de Mari, o assentamento Tiradentes tem conseguido bons números na produção e venda de mandioca: são 30 toneladas, em média, por hectare. Atualmente estão plantados 700 hectares. Apesar de recente, estabelecido há menos de 5 anos, já é possível notar os avanços na comunidade graças à comercialização da mandioca.

Contando com uma grande diversidade de solo, o assentamento Eldorado dos Carajás II, em Mossoró (RN), tem garantido sua subsistência através do plantio e venda de alguns produtos. São cerca de 850 famílias ligadas ao movimento, espalhadas em mais de 19 mil hectares, cultivando acerola, castanha de caju, pinha, graviola e manga. Outras 300 famílias também moram e trabalham na área.
No litoral norte do Ceará, município de Itarema, o assentamento Lagoa do Mineiro reúne 154 famílias numa das áreas mais antigas do movimento. O local foi desapropriado pelo governo em 1986, mas só alguns anos depois as famílias se aproximaram do MST. Hoje, com 220 hectares de cajueiros “anão precoce” plantado, o assentamento tira da castanha de caju sua principal fonte de renda. Também garante parte de sua receita através de um viveiro de mudas certificado, inclusive, pela Embrapa.

Já no assentamento Zé Lourenço, em Chorozinho (CE), 70 famílias cultivam quase 700 hectares de cajueiros. Também são produzidos doces e rapaduras através do beneficiamento da castanha do caju. O assentamento também conta com um grupo de mulheres bem organizado, que produz plantas medicinais, hortaliças, costuram, bordam e praticam a apicultura.