Atingidos por Barragem de Barra Grande não permitem retomada do desmatamento

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Atingidos pela Barragem de Barra Grande não permitem a retomada do desmatamento

29/10/2004

Fonte: Movimentos dos Atingidos por Barragens (MAB)

Depois da liminar do juiz Doutor Osni Cardoso Filho da 3° vara da Justiça Federal de Florianópolis, suspendendo o corte da madeira, os agricultores acampados realizaram assembléia nesta quinta-feira (28) e decidiram continuar mobilizados.

Pela manhã, cerca de 100 funcionários contratados pelo consórcio BAESA responsável pela obra, retomaram o trabalho de desmatamento dos 6.000 hectares de mata atlântica que fica na área a ser alagada pelo reservatório. A operação dos funcionários foi escoltada por um grande aparato da policia militar.

Os atingidos de posse das informações da liminar judicial, decidiram não permitir a continuidade da derrubada da mata. Uma mobilização resultou em nova expulsão dos funcionários, para fazer cumprir a liminar emitida pelo juiz federal. Segundo Eloir Soares, pequeno agricultor atingido pela obra “a empresa, mesmo depois da liminar, retomou o corte da madeira, não respeitando a decisão do Juiz, o que reflete a prática das empresas construtoras das obras”.

Foi acordado também na assembléia dos atingidos, a realização de um grande encontro com entidades, organizações ambientalistas e movimentos sociais. O encontro será realizado na próxima quarta-feira, 03 de novembro, no Centro Diocesano de Formação, no município de Vacaria/RS.

O encontro tem o objetivo de debater e refletir sobre a problemática das barragens em nosso país, principalmente no caso da obra de Barra Grande. Da reunião sairão encaminhamentos concretos, referentes às próximas ações da sociedade civil organizada.

O acampamento continua por tempo indeterminado, segundo André Santori , atingido pela obra “o povo continua animado, e a decisão dos agricultores é continuar em permanente processo de mobilização. A liminar deferida pelo juiz já é uma vitória para o povo atingido, porém todos os problemas sociais e ambientais ainda não foram resolvidos, e é por esse motivo que o acampamento continua.” Eloir ainda reafirma ” o povo está preparado para uma longa jornada de lutas”.