Sem Terra fazem manifestação no Rio de Janeiro

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Sem Terra fazem manifestações no Rio de Janeiro

09/11/2004

Durante a manhã de hoje, 500 Sem Terra no estado do Rio de Janeiro paralisaram duas rodovias e enviaram centenas de cartas ao Ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, entre outras atividades.

As cartas foram postadas ao mesmo tempo no Rio de Janeiro (RJ), em Campos (norte fluminense) e de Volta Redonda (sul fluminense). Elas expõem a situação das famílias, pedem a entrega regular das cestas básicas e um posicionamento quanto ao cadastramento de novas famílias acampadas, além de questionar a distribuição de cestas no ano que vem.

No estado, apenas 2.600 das 4 mil famílias acampadas estão cadastradas para o recebimento das cestas. Este ano, nenhum cadastramento novo foi feito e as cestas básicas chegaram aos acampamentos apenas três vezes, uma delas autorizada ainda no ano passado.

Não foram feitos novos assentamentos no estado desde o início do governo Lula.

“Nós nunca viemos ao Rio (capital) a passeio, sempre para lutar”, explica Maria Auxiliadora Ferreira, enquanto aguardava na fila do Correio. Ela mora em uma das barracas de lona do acampamento Olga Benário, em Mangaratiba, há sete meses, com o marido, a filha de 12 anos e os dois netos.

“Vivemos com precariedade, por isso lutamos com garra, queremos terra para trabalhar”, afirma. A dona de casa diz que, na falta da regularidade das cestas básicas do governo, a alimentação vem da solidariedade dos acampados, que dividem o que têm, e de pequenos trabalhos que o marido consegue.

Além das cartas, esta manhã foram fechadas as rodovias BR 101, na entrada de Campos, e a Rio-Santos, na altura da entrada da cidade de Mangaratiba. Em Campos a manifestação ocorreu com a ajuda da Polícia Federal e Militar, que colaboraram na organização do trânsito enquanto militantes distribuíam panfletos explicando o motivo do ato.

Em Mangaratiba houve um rápido confronto com a Polícia Militar pela manhã. Segundo os organizadores da manifestação na Rio-Santos, apesar de dois soldados da PM terem aparecido no local e conversado normalmente com os organizadores, em seguida, homens do 33º Batalhão de Angra dos Reis, comandados pelo Sargento Gouveia, chegaram agredindo os manifestantes. O Sargento chegou a atirar para o altp para dispersar a mobilização.

Com a chegada da Polícia Federal, que dispensou os militares e ajudou na organização do trânsito, a manifestação voltou a ocorrer com tranqüilidade. Duas crianças Sem Terra entregaram simbolicamente uma cesta de hortaliças produzidas no acampamento Olga Benário (próximo a Mangaratiba), a um motorista que passava pelo local.

O ocorrido foi denunciado ao Instituto de Terras do Rio de Janeiro (Iterj) e foi solicitada a abertura de inquérito para apurar o caso e impedir novos abusos.

Volta Redonda e Valença

Em Volta Redonda, sul do estado, o Movimento participou, junto com outros movimentos sociais, de manifestação para lembrar os 20 anos do assassinato de três trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) pelo Exército. Em seguida, fizeram manifestação pelas ruas do centro e postaram as cartas. Em Valença as manifestações aconteceram em frente ao INSS.