Trabalhadores rurais discutem governo Lula

Trabalhadores rurais discutem governo Lula

24/11/2004

Com o tema “Governo Lula e o projeto para o Brasil”, o dia 24 foi marcado por reivindicações em relação ao não comparecimento do Presidente Lula à Conferência Nacional Terra e Água.

A mesa foi composta por Dom Demétrio Valentim, presidente da Caritas Brasileira, Ricardo Gebrim, assessor da Via Campesina, João Pedro Stedile, representante do MST, e por Gilberto de Oliveira, Secretário Executivo do Fórum Nacional pela Reforma Agrária.

No início do debate, foi lida uma carta enviada por Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES (Banco de Desenvolvimento Econômico e Social).

Ricardo Gebrim, o primeiro a falar, lembrou a importância do estudo da história da humanidade, analisando os momentos especiais e as crises que o país já passou. “Vivemos em uma época de crise e precisamos perceber com agir no momento. Os capitalistas financeiros querem que o mundo se divida para que as grandes tecnologias fiquem na mão deles. Para nós sobra o papel de produtores de matéria-prima do que interessa à economia desses grandes capitais”.

Dom Demétrio começou seu discurso relembrando o massacre de Eldorado dos Carajás. Ele enfatizou que o Brasil passa novamente por um clima violento com o novo massacre ocorrido no último sábado em Minas Gerais. “Quantos indicadores negativo desde a década de 80 – desemprego, fome, violência – mais no meio de tudo isso não podemos perder a esperança” disse Dom Demétrio, que também reforçou a urgência de definir um projeto soberano de desenvolvimento nacional para o nosso país. “Apresentar um sonho de um Brasil culturalmente plural, politicamente democrático, economicamente justo, socialmente solidário e ecologicamente sustentável é o sonho que devemos fazer”, concluiu.

O representante da FETRAF (Federação dos Trabalhadores em Agricultura Familiar), Celso Lin, enfatizou que não se pode admitir que um país com tantas riquezas naturais como o Brasil se a sociedade não tem acesso a essa riqueza. “Toda essa riqueza é concentrada na mão das grandes multinacionais que não são capazes de construir um modelo digno para o nosso país”. Para ele, é através da organização e da luta dos trabalhadores que será possível construir um novo modelo de Brasil.

O representante do MST, João Pedro Stedile relatou que o Brasil passa por um momento muito delicado, onde o país está sendo vítima do desenvolvimento do capital das grandes empresas, que controlam mais de 50% da produção. “Alguns seguimentos do presidente Lula estão fazendo o jogo dessas multinacionais, vender matéria-prima não é orgulho é burrice”, declarou Stedile, pedindo que os participantes da conferência vaiassem o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
Amanhã, último dia da Conferência, está prevista a discussão “Governo Lula e o diálogo social, A importância dos movimentos sociais e a continuidade da luta”. Serão lançadas também as agendas das entidades para 2005.

Às 13 horas os trabalhadores rurais percorrerão a pé o eixo monumental até o Banco Central, onde um ato pedirá por mudanças na política econômica.