MST inaugura escola nacional em Guararema (SP)

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MST inaugura escola nacional em Guararema (SP)

25/01/2005

Fonte: Agência Carta M aior
Por: Gilberto Maringoni

Guararema, SP – “Um jornal de Londrina disse que essa escola iria ensinar a invadir. Como são ignorantes! Não sabem a diferença entre invasão e ocupação. Quem invade são os grileiros. E ocupação não é uma escola quem ensina; é o latifúndio! Os sem-terra ocupam em legítima defesa, para garantir a sobrevivência. Esta escola é para dar educação aos pobres”

Com estas palavras, João Pedro Stedile, um dos principais dirigentes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) definiu, na tarde de domingo, 23, a Escola Nacional Florestan Fernandes, um conjunto de edificações com área total de 4,5 mil metros quadrados, no município de Guararema, a 60 quilômetros de São Paulo.

Sob uma lona de circo, armada especialmente para a ocasião, acotovelaram-se cerca de 4 mil pessoas, num sol abrasador. Entre elas, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto, representantes dos ministérios da Educação e Cultura, do governo venezuelano, a atriz Leticia Sabatella, Dom Tomás Balduíno e o escritor Fernando Morais, além de vários convidados internacionais. Na programação, apresentações musicais, leitura de poemas e um churrasco para todos.

Em meio a afagos e estocadas no governo federal, João Pedro lembrou-se do caráter extremamente elitizado da educação no Brasil, especialmente dos curos superiores. “Quantos engenheiros pobres existem? Quantos médicos negros?”. Apontou ainda os exemplos dos governos cubano e venezuelano, que têm na educação popular um dos centros de sua atuação.

Imprensa
Para Fernando Morais, a imprensa brasileira, antes mesmo de conhecer as virtudes de uma escola como aquela, “quer saber de onde veio a grana, se tem mutreta”. Dizendo não pertencer à “banda podre” da imprensa brasileira, ele afirmou que a maioria dos jornalistas brasileiros é simpática ao MST.

O movimento tem uma larga tradição em educação. Além de outra escola no município gaúcho de Veranópolis, uma das primeiras reivindicações em todos os acampamentos e assentamentos dos sem terra tem sido, ao longo das últimas duas décadas, a instalação de estabelecimentos educacionais, bem como a realização de convênios com universidades.

A Escola Nacional Florestan Fernandes, construída em regime de mutirão ao longo dos últimos quatro anos, contou com o trabalho voluntário de aproximadamente 800 militantes de todo o país, que se revezaram no trabalho. Entre os cursos programados, estão os de agricultura, economia e formação política.