Indígenas denunciam desnutrição crônica infantil em aldeias brasileiras

Fonte: Agência Brasil
Por André Deak e Christiane Peres

“A gente ouve muito os políticos falarem sobre a diversidade do Brasil, mas muito pouco é feito para preservar isso”, afirmou Marcos Xukuru, da Associação dos Povos Indígenas do Nordeste e Minas Gerais (Apoinme), durante o lançamento de um manifesto contra a atuação do governo na questão indígena.

“A desnutrição de crianças é o problema mais grave que enfrentamos, e a política não tem respondido à altura”, disse Xukuru. Em Dourados (MS), Léia Aquino Pedro, da aldeia Nhanderu-Marangatu, vive de perto esse problema. “As crianças estão morrendo mesmo. O atendimento médico não está bem, encaminhamos para um posto uma criança e tínhamos esperança de que ela voltasse bem, mas quando voltou para a aldeia, morreu no dia seguinte”, contou.

Léia atribuiu o problema à falta de terra, de espaço. “Em 26 hectares, tem mais de 600 pessoas. Além desses, tem outro grupo, de 200 pessoas que vivem em oito hectares”, disse. Sem espaço para plantar, ela contou que as crianças são atingidas pela desnutrição e as mães ficam doentes de preocupação. “Não sabem se vai ter despejo a qualquer hora, qualquer barulho elas saem correndo com as crianças”.

No Mato Grosso do Sul, segundo Egon Heck, do Conselho Indigenista Missionário regional, de cada mil crianças que nascem, 64 morrem. “A média nacional está em torno de 15 por mil”, informou. De acordo com Heck, existe uma situação bastante generalizada de deterioração das economias dos povos e a grande maioria dos índios não tem mais plantações dentro de suas terras. “Então eles dependem de programas de renda básica, etc. Isso faz com que o nível alimentar caia muito”, disse.