Distribuição de alimentos em rodovia protesta contra despejo de famílias no Rio

As 160 famílias do MST residentes no acampamento Mário Lago, no município de São João da Barra (RJ) organizaram em 26 de maio uma missa ecumênica. No dia seguinte, as famílias distribuíram alimentos de produção própria na BR-356 (Campos – São João da Barra) em protesto contra a decisão do juiz Marcelo Luzzio, da 1ª Vara Federal de Campos . Em 12 de maio, Luzzio mandou executar a reintegração de posse, emitida por ele mesmo logo após a ocupação da área, em maio de 2004.

O acampamento Mário Lago tem escola e produção de subsistência e ocupa cerca de 20 hectares da fazenda Caetás e Cedro. A fazenda faz parte do complexo de terras da falida Usina Cambayba. O conjunto de terras se estende entre os municípios de São João da Barra e Campos.

Além de ser considerada improdutiva, os proprietários da fazenda têm dívidas com a União de valores superiores a R$100 milhões. Pesa ainda sobre eles as dívidas trabalhistas e acusações de uso de violência contra os empregados. Muitos dos moradores de Mário Lago são antigos funcionários da Usina.

O decreto de desapropriação foi emitido em 1998, mas em setembro de 2004, o Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro decidiu pela não caducidade do decreto de desapropriação e a continuidade do processo à primeira instância (Campos). Em 2004, após o pedido de desapropriação, os Sem Terra conseguiram inicialmente autorização judicial para permanecer ocupando 20 hectares enquanto processo era concluído.

Se confirmado, este será o segundo despejo no Rio de Janeiro desde o final da Marcha Nacional pela Reforma Agrária, em 17 de maio.