Em Belo Horizonte, manifestantes são presos e reprimidos

Segundo Joceli Andrioli, da coordenação do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), 17 pessoas foram encaminhadas ao hospital, mais de 30 estão feridas e outras 30 desaparecidas após a repressão policial durante um ato de ocupação da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Os participantes do I Encontro dos Movimentos Sociais protestavam contra as altas tarifas de energia elétrica do estado e a 47ª Reunião Anual dos Governadores do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que acontece em Belo Horizonte (MG).

Para Flavio Valente, relator nacional para os direitos humanos à alimentação adequada, água e terra rural, os governos municipal e estadual têm responsabilidade pelo que aconteceu. “As manifestações contra o BID não são por acaso. O banco está envolvido com o financiamento de projetos que deslocam famílias e violam direitos humanos. Os movimentos sociais têm o direito de se manifestar e apresentar ao banco suas reivindicações, e isso deveria ser do interesse do próprio banco, inclusive. Quando o poder público se nega a oferecer espaços para os movimentos se reunirem e a abrir diálogo com eles, estas situações graves podem ocorrer. E é inaceitável o uso de violência por parte do Estado contra os movimentos sociais, sob qualquer alegação”, disse.

Minas Gerais tem o preço de energia mais caro do país. Enquanto as famílias pagam até R$ 600,00 o megawate (1000 kw) de energia, as empresas pagam menos de R$ 126,00. Além disso, o imposto pago pelas famílias é de 30%, enquanto o das empresas consumidoras é de 18%.

Mobilização

No sábado, a Marcha: água e energia para a soberania do povo brasileiro, organizada pelo MAB, se juntou a outras marchas de movimentos sociais somando três mil pessoas na Praça Sete. Eles seguiram em direção a Praça da Liberdade para buscar os sete manifestantes que estavam em greve de fome desde o dia anterior. O jejum foi a forma que os movimentos encontraram para expressar a indignação diante da negação dos governos Estadual e Municipal em liberar espaços públicos. No caminho, houve enfrentamento com a polícia três vezes. Os marchantes acamparam na Praça da Assembléia, onde fizeram a abertura do I Encontro dos Movimentos Sociais Mineiros.

No domingo pela manhã, a Via Campesina debateu o modelo energético brasileiro e durante a tarde, o debate foi sobre o BID e suas políticas de privatização.